Aquele sonho de dias ensolarados no Yangtsé, viajando no luxuoso barco Century Diamond, foi por água abaixo, literalmente.
O mau tempo imperou durante quase toda a viagem e muito do que estava planejado teve que ser mudado ou cancelado.
Embarcamos em Jingzhou e seguimos no rumo oeste. Nosso destino final seria Chongqing, quase 1000 km adiante.
Nosso itinerário previa a passagem pelas gargantas: Xiling, Wu e Qutang. Faríamos uma visita à represa das Três Gargantas, o maior projeto hidroelétrico do mundo, (e subaproveitado segundo nosso guia). Passaríamos pelas cinco eclusas que compõem o complexo. Faríamos um passeio em barcos pequenos pela pela garganta Xiling e, por último visitaríamos Shi Bao Zhai - pedra preciosa da fortaleza - um pavilhão vermelho de nove andares que leva a um templo no alto de uma colina, às margens do Yangtsé.
Além disso, nos ofereceram um passeio opcional à Tribo das Três Gargantas, que aconteceria logo na primeira manhã a bordo. Vimos as fotos do lugar e decidimos comprar. Custava 290 yuans por pessoa.
O primeiro amanhecer no barco foi tristonho. Uma neblina intensa não nos deixava ver quase nada. O barco estava parado e soubemos que o passeio da manhã estava ameaçado. A visibilidade melhorou um pouco, voltamos a navegar, mas a excursão foi mesmo suspensa e, rapidamente, os 290 yuans voltaram para nossas carteiras.
Com o tempo um pouco melhor, foi possível fazer o passeio da tarde: a visita à hidroelétrica. Um ônibus nos levou até o local. Para subir ao mirante, muitas escadas rolantes. No alto uma visão completa da represa, das eclusas e de toda a região.
Naquela noite fomos dormir de sobreaviso. Para o dia seguinte teríamos a passagem pelas cinco eclusas. Entretanto, por causa do mau tempo, havia um congestionamento de barcos para passar por elas. Nosso comandante não tinha certeza sobre o horário em que receberia permissão para entrar. Assim, a ordem era: se fôssemos passar as eclusas pela manhã, ficaríamos no barco durante a travessia e sairíamos à tarde para o passeio em pequenos barcos. Caso a passagem fosse à tarde, seríamos chamados às 5h30 para levantar, tomar café cedinho e sair para um passeio: o da Tribo das Três Gargantas, que seria oferecido gratuitamente, em troca dos barquinhos.
Nem preciso dizer que a torcida geral foi pelo atraso na passagem das eclusas. O tempo piorou durante a noite, nos atrasamos ainda mais e às 5h30 o telefone soou. Aleluia, a visita à vila estava assegurada.
Fomos e amamos. Foi tão bom, que penso em dedicar um post só pra contar os detalhes. Por enquanto só digo que as paisagens são as mais belas que vimos durante a viagem e a apresentação dos costumes da tribo é tão simples e natural que a gente até esquece que é apenas uma representação. Pegamos um pouco de chuva durante o passeio, mas deu pra fazer tudo. O tempo, realmente, não estava sendo amigável.
De volta ao barco, continuamos a navegação. Passamos, então pela primeira garganta, a Xiling. Do deck superior pudemos observar a passagem, com narração do diretor do cruzeiro.
A tarde passou enquanto acompanhávamos a subida pelas eclusas. Todo o processo leva aproximadamente três horas e meia. Programa ideal para uma tarde fria e chuvosa.
Saímos das eclusas e encontramos mau tempo no Yangtsé. Paramos novamente.
Retomamos a navegação à noite. A essa altura, nossa chegada a Chongqing a tempo de pegar o próximo voo estava ameaçada. Os guias e funcionários do barco elaboraram um plano para os dias seguintes. Quem tinha voo na manhã do sábado teve de desembarcar na sexta-feira cedo. Em terra os esperavam ônibus que os levariam até uma estação de trem, de onde seguiriam até Chongqing. Uma viagem de uma hora e meia de ônibus e quatro horas e meia de trem. Dormiriam em Chongqing e, no sábado seriam levá-los ao aeroporto. Não era o nosso caso.
Para nós, que seguiríamos para Shangai em um voo durante a tarde, o procedimento seria outro. Ficaríamos a bordo até a manhã seguinte. Desembarcaríamos em Fengdu e iríamos de ônibus, numa viagem de duas horas e meia, diretamente para o aeroporto de Chongqing. E com isso, adeus visita ao Shi Bao Zhai com seu imponente pavilhão vermelho.
A sexta-feira passou entre visita à ponte de comando, passagem pela garganta Wu e o jantar do capitão. O jantar coincidiu com a passagem pela garganta Qutang, de modo que só vimos seus paredões pelas janelas do restaurante.
Desembarcamos, no sábado pela manhã, em Fengdu, com o sol brilhando nas águas verdes do Yangtsé. Enquanto esperávamos a saída das malas para poder seguir para o aeroporto pudemos ver o duro trabalho dos carregadores. Olha nossas malinhas ali.
Muito bom viajar no seu blog...
ResponderExcluirBom que esta gostando, Vera!
ExcluirAlgum neologismo chinês "ajuacompanhávamos"? .Brincadeiras à parte, o nevoeiro denso no Rio Yangtzé. faz-me lembrar um passeio pelo Rio Reno, há alguns anos, sob protestos da saudosa Dona Daura, quamdo não víamos " um palmo adiante do nariz..."
ResponderExcluirEntão o tal rio é useiro e vezeiro no caso das neblinas...
ExcluirErro de digitação corrigido. Obrigada!