terça-feira, abril 12, 2016

Beijing não é para os fracos


Estávamos na China, finalmente!

Saindo do aeroporto de Beijing, depois do dia/noite difícil que tivemos, Li, nosso guia chinês que falava um espanhol bem peculiar e era incapaz de conjugar um verbo corretamente, expôs o programa do dia: iríamos direto e reto para o Templo do Céu.

Eu disse d-i-r-e-t-o!!!

Sim, nós tínhamos saído de Madri na manhãzinha do dia anterior,  tínhamos voado por quase  doze horas vencendo seis fusos horários e tínhamos pousado em Beijing na manhã do dia seguinte.

As malas seguiram para o hotel numa van (que sorte a delas!) e nós, num ônibus feioso, apertado e mal-cheiroso, fomos apresentados à  bruma cinzenta e ao trânsito caótico da cidade.

O trânsito de Beijing é algo impressionante. Só vendo para acreditar.

As avenidas são largas, há viadutos e passagens subterrâneas, mas os congestionamentos acontecem em toda parte em qualquer hora do dia e da noite.

Tudo nos pareceu sem cor, inicialmente, exceto pelos pessegueiros, em tons de rosa, que há por toda parte. 

Naquele dia, o almoço era livre. Ao nos deixar no hotel, Li nos indicou onde comer ali por perto. Fomos.

Escolhemos um restaurante simples e entramos confiantes. O lugar estava vazio e a moça que nos encaminhou para a mesa nos apresentou um cardápio todo em chinês, sem uma única foto. Fizemos algumas perguntas em inglês. Nada! Ela falava a sua língua sem parar e ninguém entendia ninguém. Ríamos como loucas, sem saber como resolver a situação.

Enquanto isso, se aproximaram da nossa mesa duas chinesinhas adolescentes. Uma delas, teclava em seu smartphone enquanto acompanhava tudo atentamente.

Segundos depois, ela apresentou à Vilma uma tela com um tradutor, Ana falou a palavra noodles e, rapidamente elas se entenderam e a garota voltou à mesa com um cardápio ilustrado.

Escolhemos pelas fotos. Pagamos adiantado e logo tínhamos diante de nós quatro pratos de macarrão com legumes e bastante caldo.

Garfos e colheres, nem pensar. Tivemos que nos virar com os palitos. Foi uma farra só.


O ponto alto foi quando a Vilma pediu o sal e a Rose se pôs a ler os rótulos do galheteiro com ar de quem dominava completamente a escrita. Caímos numa gargalhada incontrolável.

Com todo esse movimento, viramos atração no restaurante. Todos os funcionários saíram de seus postos para nos observar.

Viramos celebridades!

Quando terminamos, deixamos  sobre a mesa 10% do valor pago, a título de gorjeta. Tinham sido tão amáveis e a comida estava tão boa!

Já saindo do restaurante, paramos para conversar com outras duas companheiras do grupo, que haviam chegado depois de nós. Nesse momento, pra encerrar a comédia, a garçonete veio atrás de nós devolvendo a gorjeta. Pela sua cara e gestos, tínhamos feito algo inesperado e incomum.

Começamos bem, fala sério!

Tínhamos tarde e noite livres naquele dia. O guia sugeriu alguns lugares e deu informações sobre horários, itinerários e estimativa de preços das corridas de táxi, bem como alerta para que não tomássemos táxis pretos. Ainda sobre esse tema, nos disse que há motoristas que evitam atender turistas por causa da dificuldade com a língua e que, se tivéssemos dificuldade para pegar táxi na rua, que entrássemos num hotel internacional e pedíssemos ajuda para chamar um taxi por telefone.

Das sugestões do guia, escolhemos ir ao Templo do Lama e à feira de comidas de rua.

Pois bem, estabelecemos um tempo para descansar e saímos do hotel rumo ao templo budista, cuja bilheteria, segundo o guia, fechava às 17h30. Chegamos às 16h35. A bilheteria fechava às 16h30.

O guia estava: errado.

Pena, pois o templo parecia bem bonito pelo que se via por fora. Tratamos de aproveitar o entorno, entramos em várias lojinhas, pechinchamos, compramos lembrancinhas e partimos para a Wangfujing. Queríamos conhecer os famosos espetinhos de insetos e outras esquisitices mais.

Antes de nos atirarmos às ousadias gastronômicas da feira, passamos pela rua comercial, fizemos umas e outras comprinhas e ainda posamos pra fotos com as estátuas da rua.

                  

Na Wangfujng olhamos tudo e comemos pouco. Nossa maior façanha foi experimentar uma fritura de durião. 
Não, durião não é um inseto! Cruz credo! É apenas uma fruta local, parente da nossa conhecida jaca. Gostamos tanto que uma porção da iguaria foi suficiente para nós quatro e ainda demos uma parte para uma senhorinha que estava por ali em busca de restos de comida... 

                     
       
Gostamos mesmo foi das batatas em espiral e dos espetinhos de morango com açúcar. 

Encerramos as aventuras do dia procurando um táxi para voltar ao hotel. Foi uma missão difícil, quase impossível.

Começamos pelos carros parados nas esquinas, mas vimos que não eram confiáveis. Tentamos o truque do hotel. Ana entrou no Novotel, pediu ajuda e não foi atendida. Fizemos sinal a vários táxis que passavam pela rua, evitando os carros pretos, mas poucos nos pareceram confiáveis. Chegamos a negociar com um taxista e fechamos negócio pelo valor que o guia havia estimado: 40 yuans. Entramos, andamos meio quarteirão e o motorista fez sinais pedindo que pagássemos o dobro. Descemos. Encontramos, finalmente, um taxista que concordou em fazer a corrida pelo valor do taxímetro. Cansadas, aceitamos. 

Nem preciso dizer que fizemos um longo city tour para chegar ao hotel, sem contar que achamos que o taxímetro estava meio acelerado. Tudo bem, faz parte... O que não faz parte foi o que aconteceu na hora de pagar os 56 yuans marcados na telinha. Dei uma parte e Rose estava contando o dinheiro pra completar o valor, quando o senhor motorista atacou a carteira dela, querendo roubá-la. Atacamos o dito cujo com uma fúria que talvez tenhamos quebrado seu dedo. Foi um susto!

O guia: estava certo.

Ficamos três dias em Beijing. Viramos a cidade do avesso. Mal tivemos tempo pra dormir. Aos poucos conto tudo o que vimos, se N.S. do WiFi permitir e San Fernán do VPN ajudar.

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