sábado, dezembro 28, 2013

Tchau 2013...

2013 chegando ao fim e eu nem contei da última viagem do ano.
Chile, na modalidade press trip. Alguns de vocês sabem, a primeira press trip a gente não esquece. E essa foi a minha primeira.
Fui como enviada especial do Viaje na viagem para um tour pela Terra do Fogo no início de novembro. Foram nove dias entre água, ar, terra e fogo, que renderam dois posts para aquele blog. Pra quem não viu, aqui estão eles:
E muitas fotos... Clicaí!

Na volta, encontrei com Ana em  Santiago e passamos alguns dias entre a capital e Viña del Mar.
Fomos rever as águas do Pacífico de uma varanda diferente da nossa, a do Hotel del Mar.



Aproveitamos também pra dar um pulinho em Valparaíso e revisitar La Sebastiana, a casa de Neruda encarapitada no morro.


Viagem boa pra fechar o ano.
Agora é esperar 2014 que trará grandes mudanças e, de cara, promete três belas viagens. 

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Oito anos

Imagem encontrada em
http://flaviogomes.warmup.com.br/tag/oito/
Eeeeehhhhhhh, já é o terceiro ano que eu deixo passar o dia do aniversário do blog!
Época de correrias...
Mas o bom é que o De uns tempos pra cá tá aí, firme e forte. Nesses 8 anos foram mais de 100.000 visitas. Número pequeno pros grandões, mas pra um bloguezinho despretensioso, que começou como um diário de bordo pra contar histórias aos amigos, é um numerão!
Fazendo um retrospecto desde a última "festa de aniversário", foram 33 posts e... mais de 80% deles falam de viagem! Será que o DUTPC está se tornando um blog de viagens?
E se eu contar que o blog aparece várias vezes citado no bam-bam-bam das viagens, o Viaje na Viagem?
E mais... que a blogueira aqui foi convidada pra uma press trip como enviada especial do VnV?
Bela maneira de comemorar os 8 anos, né não?
Que venham outras... viagens, postagens e festas de aniversário do blog!

sábado, novembro 02, 2013

Islândia e Groenlândia do nosso jeito

Terminei anteontem de contar todas as peripécias de nossa viagem pela Islândia e imagino que algum leitor tenha se perguntado como chegamos lá.
Bem, algumas coisas já foram ditas, mas repito aqui, complementando, na esperança que o nosso jeitinho possa ajudar um ou outro viajante.
Começamos planejando uma viagem à Europa no verão. E como a gente gosta bem pouco de calor, pensamos em escolher destinos frios, além dos quentes, obrigatórios. 
Destino vencedor: Islândia! E por acréscimo Groenlândia...
Pesquisa daqui e dali e achamos que não conseguiríamos operacionalizar a coisa sozinhas.
Foi daí que Ana descobriu na internet a Ice Tourism. Lemos a programação e gostamos. Mas havia um detalhe, todas as saídas programadas para aquele verão não se encaixavam muito bem no tempo que teríamos disponível para esse trecho da viagem. Pena!
Falamos por Skype com o representante da agência, Ivo Gabriel. Ele nos ofereceu a oportunidade de entrar num grupo já formado por uma agência portuguesa, a Pinto Lopes. E as datas eram as ideais para a nossa agenda. \o/ 
Topamos. E assim, e nos tornamos parte de um grupo de portugueses, conterrâneos do Ivo.
Estivemos em contato com ele durante algum tempo, recebendo instruções e combinando formas de pagamento. Pra facilitar nossa vida, Ivo propôs um sinal por cartão de crédito e o restante a ser pago lá na Islândia, em dinheiro. Evitamos, assim, os famosos 6% que engordam a fatura do cartão!
Pacotes para Groenlândia e Islândia agendados! Mas ainda precisávamos providenciar os vôos para chegar a Keflavík.
Partiríamos de Londres e para lá retornaríamos. 
As opções que escolhemos, levando em conta horário de vôos e preços, foram: 
  • ida: vôo FI455 da Icelandair, saindo do aeroporto de Heathrow às 21h10 e chegando a Keflavík às 23h10
  • volta: vôo 2296 da easyJet, saindo de Keflavík às 10h e chagando ao aeroporto de Luton às 13h55
Foram vôos bons. E não ficaram tão caros, mesmo pagando pra despachar a bagagem, na easyJet. Aliás, nem precisávamos ter pagado, já que grande parte dos agasalhos volumosos ficaram por lá. Sem falar na minha velha bota de caminhada...
Tchau! Nossos 16 anos juntas foram só aventura!
Quanto aos hotéis, não foram escolhidos por nós, mas aprovamos todos, com um pontinho negativo para o Fjardarhótel Reydarfjödur
E a Ice Tourism... super recomendamos! Além de grandes grupos como o nosso, eles fazem roteiros privados, com ou sem guia, com carro alugado, mapa detalhado e apoio telefônico 24 horas. É só falar com o Ivo, ele está sempre no Skype (ivo.martins.tourism)  ou no FB.
E alguém ainda duvida que nós gostamos da viagem? Ara... Dá uma olhada nas nossas carinhas!



quinta-feira, outubro 31, 2013

Segredos da Islândia - de Hvolsvöllur a Keflavík

Quando começamos a "estudar" a Islândia para decidir como fazer a viagem, uma das primeiras coisas que lemos foi sobre o vento. Vimos fotos e notícias de carros jogados pra fora da estrada pela ventania, estradas estragadas pelo vento... Assustamos! E esse foi um dos motivos pelos quais decidimos fazer a viagem com um guia, em lugar de alugar um carro e sair dirigindo pela ilha.
Ainda não tínhamos tido amostra do dito cujo. Já estávamos até pensando que fosse alguma lenda urbana. Mas nesse último dia de nossas andanças, o vento apareceu. Era forte! Não a ponto de tirar carro da estrada, mas era forte e constante. Ventou o dia todo e ainda sobrou vento pro dia seguinte.
Mas, com vento ou sem ele, a programação continuou.
Era o último dia e ingressaríamos no Golden Circle, o lerê da Islândia.

Era sábado. Era verão. A programação era tradicionalíssima. Isso quer dizer... encontraríamos hordas de turistas. Por isso, o guia fez alterações na ordem dos passeios. 
Assim, começamos pelas cachoeiras. Primeiro a pequena  Faxi, depois a majestosa Gullfoss.
Na Faxi, um aparato curioso: uma escada para salmões subirem a cachoeira. Uma mãozinha para piracema dos salmões...
Na Gullfoss, vento e chuvinha fina nos caminhos do cânion do Rio Hvítá para chegar até perto da queda de água, que atinge os 140 m3 por segundo. Ui!
Próxima parada, o Parque Geysir, em Haukadalur, ali pertinho. 
Dizem que a palavra gêiser da nossa língua portuguesa, vem do nome desse parque, onde jatos de água quentíssima - 80°C a 100°C - são expelidos do solo de tempos em tempos num espetáculo incansável. Demos uma olhadinha rápida no Litli-Geysir e ficamos um tempão acompanhando os movimentos e as explosões altíssimas do Strokkur.
Fechamos os Golden Circle visitando o Parque Nacional de Pingvellir. 
Ali, duas atrações: o parlamento mais antigo do mundo - que avistamos de longe - e as placas tectônicas da Europa e América que, a cada ano, se afastam alguns centímetros. Imagina se a gente não tirou fotos com um pé em cada placa... Atire a primeira pedra quem não faria o mesmo! Rá!
Voltando a Reykjavík, fizemos uma visita ao Museu Nacional (que tinha ficado pra trás no primeiro dia de viagem) e tivemos o famoso "tempo livre" para sassaricar pela cidade.
Ana e eu escolhemos ficar no Harpa. Lembram como tínhamos gostado do lugar no primeiro dia?
Nosso tempo livre foi um pouco mais curto que o do resto do grupo. Ivo organizou as coisas de modo a nos levar à Blue Lagoon. Tínhamos perdido essa parte da programação quando voltamos da Groenlândia...
E foi assim que, para finalizar, passamos umas três horas relaxando e nos divertindo por lá. Delicinha!
Dez da noite, o sol se punha, quando Ivo, a bordo de um táxi nos levou de volta ao Hotel Keflavík, o mesmo onde iniciáramos o tour, uma semana antes.
Na manhã do dia seguinte, todos voltamos pra casa! Ou melhor, os portugueses voltaram, porque nós ainda demos um rolezinho por Londres antes de voltar pro Brasil. 
***
Mais fotos: aqui e aqui.

domingo, outubro 27, 2013

Segredos da Islândia - de Hornafjördur a Hvolsvöllur

O maior glaciar da Europa, duas lagoas glaciares, icebergs, três cachoeiras, praias, pedras, campos de lava, papagaios do mar... isso tudo nos esperava nesse dia de mais andanças pelo sul da Islândia. 
Foram mais de 350 km, grande parte deles contornando os 8000 km2 do Glaciar Vatnajökull.

Olha o que estava planejado para esse dia: 
E ainda teve extra...
Vem comigo!
Antes das 10 da manhã já havíamos vencido os 80 km que separam o Hotel Glacier da lagoa glaciar Jökulsárlon e estávamos a postos para iniciar nosso passeio por entre os icebergs produzidos pelo degelo do Vatnajökull.
A bordo de carros anfíbios e acompanhados de guias locais, fomos levados a contornar os enormes blocos de gelo que repousam sobre as águas da Jökulsárlon, ouvimos informações sobre a lagoa e experimentamos sua água num pedaço de gelo que nos foi oferecido. Delícia de passeio, que rendeu fotos lindas, claro!
Tá vendo esses icebergs escuros? São cinzas de vulcão que os deixam assim...
Missão impossível em meio a tantos turistas é fazer o que o Ivo sugere aqui nesse post: ouvir o som do degelo do glaciar. Dá pra imaginar? 
Pois, graças a Katie Peterson e seu projeto Vatnajökull (the sound of), é possível ouvir um pouco dessa música. Eu gostei! Ouve aí: Vatnajökull (é só clicar no play, lá no finalzinho da página).
Seguindo viagem, paramos pra molhar as mãos nas águas geladas da Fjallsárlón, outra lagoa formada pelo degelo do grande glaciar, ali na boca do Vatnajökull. Frio!
Almoçamos, ou melhor, piquinicamos, em Lómagnúpur e rumamos para a bela Svartifoss, no Skaftafell National Park.
Para chegar até a cachoeira há que caminhar um pouco pelo parque, ladeira acima, mas nada que um grupo cheio de senhorinhas não consiga. E vale cada passo!
As águas da Svartifoss escorregam por colunas geométricas formadas por lava escura. Daí o seu nome: cachoeira negra. Olha ela aí:
Essas colunas são chamadas de disjunções prismáticas. Um espetáculo da natureza que foi reproduzido em algumas obras urbanas. Eu até eu já falei disso no primeiro post dessa série islandesa.
Continuando pelo sul da ilha, no sentido leste/oeste, a caminho de Vik e Dyrhólaey, fizemos uma parada extra em Eldhraun, para ver de perto, muito perto mesmo, um campo de lava coberto de moss, uma espécie de musgo seco, fofinho como um carpete natural. A conselho do guia, tiramos os sapatos e caminhamos pelo campo, deitamos, pulamos... Parecíamos um grupo de crianças! Mas olha se não é mesmo uma delicinha:
De volta ao ônibus, continuamos a jornada. Passamos por Vik e suas praias de areias negras, vigiadas por três enormes trolls de pedra também negra, e chegamos a Dyrhólaey onde há uma colônia de puffins, os simpáticos papagaios do mar.
Tarde fria, céu azul e dois arco-íris marcaram o final desse dia.
O primeiro arco-íris nos surpreendeu enquanto admirávamos as águas caudalosas da Skógafoss. O segundo, nos surpreendeu na Seljalandesfoss.
E assim, deixamos pra trás o manto gelado do Vatnajökull, que nos acompanhou por todo o dia, e chegamos para o jantar e o merecido descanso no Hótel Hvolsvöllur.

***
Fotos dessa etapa da viagem:
As minhas: aqui.
As da Ana: aqui.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Segredos da Islândia - de Eskifjördur a Hornafjördur

Reydarfjördur não é um lugar que possa ser considerado turístico por excelência, mas o fiorde está ali pertinho e, naquela fria manhã, fomos dar uma voltinha rápida pelo lugar, antes da hora marcada pelo guia para a saída.
O combinado era que o grupo chegaria logo cedo de Seydisfjördur e partiríamos para a programação do dia.
Mas... na hora aprazada, nada deles! Demoraram um bocado e chegaram num ônibus diferente, menos "bonito" que o anterior.
Pois é, lembram que na noite anterior o ônibus estava apitando durante o trajeto Seydisfjördur/Reydarfjördur? Então, houve lá algum problema insolúvel com ele. Ivo fez das tripas coração e, durante a noite, conseguiu outro ônibus, com um motorista bem jovem  e sarado, que fez suspirar o coração de algumas portuguesas do grupo. Dá uma olhadinha aí do lado...
Com um pequeno atraso, então, partimos para Eskifjördur, ali pertinho, no braço vizinho do mesmo fiorde.
O programa opcional desse dia era a prova do Hákarl, tubarão fermentado, comida típica dos pescadores islandeses. E... bem, nós tínhamos passado!
Mas o Ivo veio com a notícia de que, para compensar o problema com o ônibus, a Ice Tourism estava oferecendo essa experiência aos clientes. Aí, vocês sabem, né? De grátis... até tubarão "podre"!!!!! E lá fomos nós ao Randulffs-sjóhús para resgatar o nosso prêmio.
O Randulffs-sjóhús é uma casa assobradada, estrategicamente localizada à beira do fiorde. Um misto de restaurante e museu. No térreo, come-se e bebe-se. E o primeiro andar conserva a (des)arrumação de uma antiga casa de pescadores, com todos os apetrechos pertinentes.
Começamos nossa visita pelo museu e terminamos experimentando o tal tubarão, acompanhado de algumas doses de Brennivín. Os pedaços de carne são bem pequenos, quase não se sente seu gosto forte, e a bebida anula qualquer gosto ruim, rapidinho.
Delicinha, viu? Trouxemos até uma garrafa de Brennivín pra casa.
Ainda em Eskifjördur, visitamos o Museu Marítimo (bem no dia em que seu fundador faleceu...) admiramos os jardins floridos, demos uma voltinha até um túnel antiquíssimo - e estreitíssimo - que liga Eskifjördur a Nordurfjördur e voltamos ao ponto de partida, Reydarfjördur, para as compras de víveres para o almoço que, devido ao adiantado da hora, acabou sendo por ali mesmo, numa área de pic nic, driblando o vento frio com uma garrafinha de vinho.
Alimentados, seguimos para Stödvarfjördur, a cerca de 45 km, para ver os jardins e as pedras de Dona Petra. A senhorinha passou grande parte de sua vida colecionando pedras de todo tipo e dispondo-as em seu jardim. Embora muitos chamem o local de Museu Petra, não se trata de um museu, já que não há catalogação do material. É, na verdade, uma interessante coleção. Eu me diverti visitando a Petra's Stone and Mineral Collection.
Nosso próximo destino seria Djúpivogur, onde ocorreria a troca de ônibus... ou seria a "destroca"? Bem, a empresa do primeiro ônibus, o estropiado, havia mandado um outro para substituir aquele. Assim, nos despediríamos do ônibus estepe e do motorista gatinho... Ownnn!
Mas, surpresa... No meio dos quase 100 km que tínhamos para percorrer entre os dois pontos, ficava a propriedade rural da família do motorista. E ele se prontificou a parar ali e trazer os famosos cavalinhos islandeses para que o grupo pudesse "brincar". Dá pra imaginar a festa? Todos passando a mão nos bichinhos e posando pra fotos. Até Charlotte teve sua foto ao lado de um cavalinho.
Em Djúpivogur, cidade portuária, houve a troca de ônibus e seguimos pela estrada afora, por mais uns 100 km, contornando fiordes, observando cisnes, parando aqui e acolá para fotos e avistando, ao final da tarde, às primeiras línguas do Glaciar Vatnajökull.
Nessa noite jantamos e dormimos em Hornafjördur, todos no mesmo hotel, o Glacier, de cujas janelas tínhamos vista para o pôr do sol no grande Vatnajökull.
Foto: Ana Oliveira
Mais fotos:
As minhas, estão aqui.
As da Ana, aqui.

domingo, outubro 13, 2013

Segredos da Islândia - de Húsavík a Reydarfjördur

Sim, era verão! Mas a meteorologia prognosticava um dia frio e nublado... Nossa programação incluía percorrer a estrada mais alta da Islândia com paradas para fotografar belas paisagens. Difícil, né? Foi então que o guia veio com a proposta de cancelar essa parte da programação. Segundo ele, esse trajeto de cerca de 100 km não teria grande proveito com o dia cinza que se anunciava. Em troca, ele nos prometeu alguns pequenos extras. Diante da inegável sensatez da proposta, o grupo concordou. Foi uma decisão acertada!
Essa era a programação para aquela 4a. feira fria:


Começamos pelo Museu da Baleia. Bom pra quem gosta de museus e de história natural. Dei uma voltinha entre os esqueletos de baleia e fui até a igreja, fotografar o painel da altar que, segundo o guia, foi pintada por um agricultor usando como modelos os rostos de pessoas da comunidade. Foi bom, porque a programada visita à igreja não aconteceu... 
(Bateu curiosidade? Tá lá no álbum de fotos, mas não ficou grande coisa.... Dá uma passadinha lá, depois.)
De Húsavík seguimos para o Cânion Ásbyrgi, a uns 60k m da cidade. Muita pedra, água, vegetação, mirantes, patinhos, uma chuva fininha e... frio!
Caniôn Ásbyrgi
Foto: Ana Oliveira
Tão frio e chuvoso, que tivemos que abrir nossas cestas de pic nic dentro do ônibus, na hora do almoço. E nesse dia tínhamos até uma cervejinha dinamarquesa Tuborg.  \o/  Mas era light, viu?
Trinta quilômetros depois, chegamos àquela que é considerada a mais poderosa cachoeira da Europa, com cerca de 100 m de largura e 44 m de altura: a Dettifoss. Um portento! Olha só:
Mais 30 km e estávamos em Mödrudalur para um chocolate quente no Fjallakaffi. Estávamos oficialmente desviando daquela estrada cheia de belas paisagens que constava do programa... Mas a compensação veio em seguida: ali naquela região havia uma toca de raposinhas do ártico. Ficamos um tempão "caçando" os animaizinhos. Tão lindos! Depois o guia nos contou que em breve elas seriam mortas pelos donos da terra, uma vez que se alimentam de pequenos animais, o que representa um risco para as criações das fazendas locais. Ô dó!
Seguimos então para a última parte da nossa jornada daquele dia, rumo a Seydisfjördur.
A estrada, que não era aquela mais alta da ilha, era provavelmente uma das mais bonitas. Serpenteava pelos fiordes do leste mostrando, ora aqui ora acolá, pequenas cachoeiras, córregos singelos, vegetação verdinha e até um arco-íris.
E foi assim que, ao final da tarde, chegamos à adorável Seydisfjördur, a cidade que elegemos como a mais lindinha da viagem.
É ali que desembarcam os viajantes que vêm de barco desde a Dinamarca. E nos dias de chegada do barco, a pequena Seydisfjördur fica movimentada.
Aquela quarta-feira era um desses dias... 
Por conta disso, os simpáticos hotéis da cidade estavam lotados. A Iceland Tourism tinha alguns quartos reservados no Hótel Aldan, que está instalado numa centenária agência bancária da cidade e no Hótel Snaefell ambientado numa histórica casa de madeira, onde antes funcionou a agência dos correios. Mas essas reservas não eram suficientes para todos os passageiros e, com a cidade cheia, não houve como aumentar o número de reservas. Resultado: alguns viajantes - nós inclusive -  tiveram que ser remanejados para o acanhado Fjardarhótel Reydarfjördur, na cidade vizinha. /o\
Enquanto nossos companheiros mais sortudos (só dessa vez!) se acomodavam nos hotéis de Seydisfjördur, tivemos tempo de dar uma volta pela cidade. Ficamos encantadas e nos prometemos voltar um dia. E de barco!
Quem faz a travessia é a Smyril Line. O barco sai  de Hirtshals, na Dinamarca à tarde, chega a Tórshavn, nas Ilhas Faroe dois dias depois e aporta em Seydisfjördur na manhã do terceiro dia. Uma aventura e tanto!
Jantamos no Hótel Aldan com o grupo e depois seguimos para  Reydarfjördur, 60 km adiante. 
Durante o caminho, o ônibus começou a dar alguns sinais sonoros. Algo de errado parecia estar acontecendo. Só saberíamos no dia seguinte...

 ***
Fotos dessa etapa da viagem:
As minhas, aqui.
As da Ana, aqui.
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Mais sobre Húsavík, no blog do Ivo Martins, nosso guia: Húsavík - da pesca à observação de baleias
Mais sobre Dettifoss, também no blog do Ivo: Dettifoss- a mais poderosa queda de água da Europa

Ah, tem mais uma coisa que esqueci de contar: no primeiro dia de viagem, recebemos um mapa gigante da ilha, tipo assim 30x50 cm, fora as propagandas que sempre emolduram mapas turísticos... Diariamente, e mais de uma vez ao dia, voltávamos a ele para localizar os pontos por onde íamos passar. Era a hora da aula. No ônibus, abríamos os mapas e ouvíamos as explicações e histórias sempre interessantes que o guia nos contava.

quinta-feira, outubro 10, 2013

Segredos da Islândia - de Akureyri a Húsavík




Quem já viajou em grupo sabe: cedinho, todo mundo dentro do ônibus e pé na estrada!
Nesse dia, nosso programa seria bem mais calmo que no dia anterior. Menos de 200km, em direção ao mar. A cereja do bolo seria a observação de baleias em Húsavík, no início da noite.
Mas o caminho não era ponto a ponto, claro!
Começamos com Godafoss, a cachoeira onde foram lançadas as imagens dos deuses pagãos quando a Islândia adotou o cristianismo.
Fazia frio quando chegamos a Godafoss!
Dali fomos em direção ao Lago Mývatn.
O lago é enorme e ocupa toda uma região, por onde ficamos boa parte do dia. Caminhamos pelas margens, vimos plantinhas e patinhos. Almoçamos num posto de serviços ao lado da piscina termal que era um dos opcionais do passeio.
As únicas interessadas em curtir a piscina éramos nós... É que não tínhamos ido à Blue Lagoon, lembram? Estávamos curiosas, mas quando soubemos que não teríamos companheiros, acabamos desistindo. Coisas de passeio em grupo!
Lago Mývatn - Foto: Ana Oliveira
Nesse dia, iniciamos uma prática que perdurou para os dias seguintes: comprar víveres para almoçar na estrada. O guia escolhia um dos muitos postos de serviços pelo caminho e parava para que o grupo comprasse seus lanchinhos. E era como se fôssemos um grupo de crianças de jardim da infância querendo comprar de tudo: bolachas, Skyr (o "iogurte" islandês), bebidas, queijos, doces. Uma festa!
Tanto que nesse dia, apesar de haver almoço no posto ao lado da piscina termal, quase todos abrimos as "lancheiras".
Na nossa, entre outras coisas, tinha pão de lava, um pão de centeio assado nas fumarolas vulcânicas que visitaríamos mais tarde.
Barriga cheia, pé na estrada!
De longe já avistávamos a fumaça das tais fumarolas, as sulfatadas de lava.
Mais um pouco e estávamos em Hverir: um campo imenso com buracos cheios de lava fervente: 80ºC a 100ºC. Volta e meia um deles explodia em lama quente ou fumaça, fazendo com que a gente corresse de um lado pro outro pra ver as explosões mal cheirosas. Sim, o ar fedia a enxofre... mas tão encantadas estávamos que nem ligávamos pro cheiro. Ana até chegou a dizer que achava agradável! O.o
Sempre circundando o Mývatn, passamos ainda pelo complexo do vulcão Krafla, onde observamos, sem descer do ônibus, a estação geotermal e a Caldeira de Viti: a cratera do vulcão.
Bem, eu disse que a região do Mývatn era vasta, não disse? Mais uma voltinha, e estávamos em Grjótagjá, visitando as piscinas naturais dentro da gruta formada por rochas remanescentes de erupções vulcânicas e explorando algumas pequenas falhas das placas ali existentes. Foi nossa primeira falha... ;-)
Ainda por lá, chegamos até Dimmuborgir, para uma caminhada entre as rochas de magma petrificado. 
Cansadas? Nada disso, estávamos apenas começando... E como diz meu pai: "turismo é ação"!
De volta ao ônibus, embarcamos para o destino final do dia: Húsavík.
Na acomodação do grupo, nos coube um hotel mais central, o Fosshótel Húsavík. Privilegiadas, mais uma vez!
O jantar foi num curioso restaurante no porto da cidade, construído e decorado exclusivamente com material ecológico e objetos recolhidos do mar: o Gamli Baukur. O pessoal do restaurante é também quem explora os passeios para observação de baleias. Assim, jantamos e nos pusemos a campo, ops... ao mar, para uma longa  viagem pelas águas revoltas da baía da Húsavík. 
Fazia muito frio, mas nem dava pra sentir dentro do macacão impermeável que nos fizeram vestir logo ao entrar no barco. 

Os guias locais combinaram com os passageiros uma forma de avisar pra que lado olhar para ver os animais. Usavam a posição dos ponteiros do relógio. Esse rabo de baleia da foto acima, por exemplo, estava na posição "onze horas". Volta e meia, de seus postos no alto do barco, eles gritavam um "horário" e todos se voltavam pro lado indicado. Uma farra!
Saímos do porto por volta de 20h30, ainda era dia. O mar estava revolto. O barco chacoalhou muito. Inúmeras pessoas passaram mal. Os golfinhos nos brindaram com várias aparições. Já as baleias... ficaram nos fazendo tchauzinho de longe. 
Voltamos três horas depois, cansados, mareados e um pouco decepcionados. No barco nos ofereceram uma caneca de chocolate quente e cinnamon rolls. Não aceitei, tive medo de enjoar.
Caminhamos os poucos metros que nos separavam do hotel e fomos descansar, que ninguém é de ferro... nem sequer turistas!

***
Fotos desse dia de aventuras:
As minhas, aqui.
E as da Ana, aqui.

***
Mais sobre a região do Mývatn, no blog do nosso guia: Mývatn - um vídeo, um retrato do meu olhar

segunda-feira, setembro 30, 2013

Copacabana Palace, nós fomos!

São brinde, mas não são as legítimas Havaianas!
Há sempre algumas coisas que a gente gostaria de fazer um dia na vida, mas que não são imprescindíveis para a nossa felicidade, não é mesmo?
E é inegável que a gente fica feliz quando consegue realizar algum desses sonhos.
Foi assim com o Copacabana Palace.
Chegou a hora... fomos no último fim de semana, comemorando antecipadamente o aniversário de Ana.
A quase aniversariante escolheu um quarto frente-mar no prédio principal, espaçoso e com um varandão debruçado sobre a Av. Atlântica, tendo à frente o mar azulzinho de Copacabana. 
O luxo do Copa é sóbrio. Já os preços... não são nada sóbrios. Como idéia, fiquem com uma água com gás 300 ml, nacional, pelo valor de R$ 9,00. Tá bom?
Banheiro confortável. Chuveiro delicioso. Amenities, toalhas e lençóis da Trousseau.
Abertura de cama com chocolatinho.
Nada que eu ou você, viajante, não tenhamos visto em outros bons hotéis pelo mundo afora.
Café da manhã tipo buffet, farto e com as delicinhas normais. Nada, nada mesmo, de excepcional. O iogurte é da Nestlé! E o café, de coador...
O tempo não estava pra piscina ou praia. Mas pudemos notar o perfeito serviço de piscina.
Ficamos pro almoço do sábado. Feijoada. Boa, viu? Mas não foi a melhor da minha vida.
Por insistência de uma amiga que foi almoçar conosco, fomos visitar a cozinha. Quer saber? Preferia não ter ido!
O que conta no hotel é a história que aquele enorme prédio branco representa na nossa imaginação. Quantas e quantas coisas rolaram ali desde que nos conhecemos por gente interessada em turismo. Isso é que é!
Mas valeu a pena? Valeu, sim. Tivemos dois dias de princesas desfilando por aqueles corredores reluzentes. 
E, se houver alguma outra oportunidade, voltarei. Apenas deixou de ser um sonho, um objetivo a alcançar. 
O Copacabana Palace, pra mim, entra na categoria viu tá visto. 

domingo, setembro 29, 2013

Segredos da Islândia - de Keflavík a Akureyri

Nos posts sobre a Groenlândia, contei que viajamos com um pacote da Ice Tourism. E como falei de alguns perrengues da viagem, é possível que alguém tenha ficado com má impressão da agência. Apaga tudo, então. O Ivo Martins e a sua Ice Tourism foram nota dez na viagem pela Islândia. Tudo o que foi combinado e prometido foi cumprido e com muita garra! 
Não, eu não fiz uma viagem patrocinada! Apenas que: gosto de ver gente que se apaixona pelo que faz e que se empenha em fazer sua tarefa da melhor forma possível. 
Dito isso, vamos aos fatos!
Quando chegamos da Groenlândia, o Egill - da Ice Tourism -  já nos esperava no aeroporto de Reykjavík. Nosso destino naquele fim de tarde era o Hotel Keflavík, a cerca de 50 km da capital. Ali nos encontramos com o Ivo e um grupo de portugueses (e um brasileiro) com quem estaríamos durante toda a semana para descobrir os "Segredos da Islândia."
O grupo havia chegado mais cedo e já tinha ido à Blue Lagoon, primeiro passeio do pacote, que perdemos naquele dia. Mas Ivo prometeu (e cumpriu!) nos levar lá num outro momento. 
No dia seguinte começaríamos as aventuras pela Islândia... de ônibus dando a volta à ilha!
Foram dias intensos. Acho que seria difícil lembrar dos detalhes sem a ajuda das fotos, das anotações e da programação. Assim, vou iniciar cada relato com a programação do dia.

Foi nessa manhã de segunda-feira, cruzando Reykjavík, que fomos apresentadas à caleidoscópica fachada do Harpa, projetada por Olafur Eliasson. Nesse dia só vimos "a coisa" por fora, mas já nos apaixonamos perdidamente.
Voltamos depois, no último dia de viagem, e então tivemos mais tempo pra explorar seu interior.
O Harpa é um centro de artes com salas de concerto, lojinhas, cafés, restaurantes, esculturas e muito, muito, muito vidro disposto de forma a imitar os prismas que veríamos na natureza nos dias seguintes. A luz e o jogo de cenas que o projeto proporciona é de enlouquecer. Eu não entendo nem um milímetro de arquitetura, design, sei lá o quê... mas fiquei fascinada pelo lugar. 
Tá, a gente passou na Höfdi House, no barco viking, na enorme catedral luterana com sua torre imponente, mas o Harpa foi o ponto alto do city tour.
E por falar na catedral luterana, ela também foi concebida de modo a lembrar as tais disjunções prismáticas da natureza.
Dá uma olhada:
No alto, Svartifoss,
cachoeira no sul da ilha.
 Embaixo, a Catedral e o Harpa...
Lindo também é o Perlan (pérola), um enorme domo sustentado por seis caixas de água que abastecem a cidade. A estrutura fica num local elevado e de lá se tem uma bela vista da cidade. Achei até mais bonita que a vista do alto da torre da catedral... Sem falar que o interior do Perlan é bem bonito, com lojinha, restaurante, exposições.
Olha a Ana lá no Perlan!
Passeamos ainda pelo centro de Reykjavík. Vimos a Prefeitura, a Casa do Parlamento, a catedral da cidade , a casa do primeiro-ministro e o Museu Nacional, tudo em volta do Lago Tjörn.
O almoço foi no Hotel Cabin. Comida por quilo, simples, boa e barata.
Foto: Ana Oliveira
Depois do almoço, começamos a longa viagem até Akureyri. Foram aproximadamente 400 km na direção nordeste, até chegar à cidade dos corações.
Sim, em Akureyri os semáforos têm luzes em forma de coração... owmmm!
No caminho, uma paradinha no museu etnográfico de Glaumbaer, uma réplica das antigas moradias campestres da Islândia.
Já na cidade, paramos ainda pra ver Jón Sveinsson, o Nonni, escritor de livros infantis, eternizado em uma estátua em frente à Nonnahús, a casinha da sua personagem Nonna.
Jantamos todos juntos no Country Hotel Sveinbjarnarjerdi, lugar simples, à beira do Eyjafjord, a 10 minutos do centro de Akureyri.
Ali o grupo se dividiu. Enquanto a maioria ficou hospedada no Country, a "delegação brasileira" e mais a família Cardoso, portuguesa, foi redirecionada para o Kea Hotel, no centro da cidade.
O motivo da divisão era simples, alguns hóspedes se agregaram ao grupo depois de já feitas as reservas e não foi possível, em alguns lugares, conseguir hospedagem para todos no mesmo hotel.
Gostamos do Kea e nos achamos privilegiados, já que pudemos ainda dar uma voltinha pelo centro da cidade e até dar uma esticadinha no Café Amour.
No dia seguinte, o grupo reclamou de umas e outras coisinhas do Country. Ô sorte!

***
Minhas fotos dessa parte da viagem, estão nesse álbum público no Facebook:
Reykjavík --> Akureyri
E as da Ana, estão num álbum um pouco mais abrangente, também no Face:
Islândia - 1ª parte

sábado, setembro 21, 2013

50 horas na Groenlândia - Parte 2

Tá, você leu meu post anterior, escrito há quase 15 dias, e chegou a pensar que aquele final patético tivesse resultado em uma depressão incurável que me impediu de seguir contando as mazelas de uma viagem mal sucedida naquelas distantes terras geladas da Groenlândia, não é?
Que nada! A viagem foi boa, os insucessos iniciais se dissiparam e a demora em continuar o relato não teve outro motivo senão a desorganização da agenda, agravada pelos eventos da passagem para a idade sexagenária.
Seguindo viagem, então:
O Angmagssalik Hotel fica num ponto privilegiado da cidade, bem no alto, de frente para o fiorde coalhado de icebergs e margeado por montanhas branquinhas. 
Nosso quarto, apesar de monástico, tinha uma vista espetacular.
Nossa primeira caminhada pelas ladeiras tortuosas e empoeiradas da cidade nos mostrou que as casinhas coloridas eram mais bonitas e singelas quando vistas de longe. Quintais, jardins, rio e mar estavam repletos de entulho: latas de cerveja, bicicletas velhas, eletrodomésticos imprestáveis, carrinhos de bebê enferrujados... uma tristeza sem tamanho.
Ammassalik é o maior povoado da costa leste da Groenlândia, tem cerca de 1400 habitantes, quase todos inuítes.
Simpáticos, os habitantes nos cumprimentavam a cada passo, sempre com uma latinha de cerveja na mão. Os cães, outro grande grupo de habitantes da vila, de férias pela falta de neve, ganiam e latiam sem parar, enquanto seus instrumentos de trabalho, os trenós, esperavam abandonados nas varandas e quintais.
Fazia frio, mas não tanto como esperávamos. 
Havia pouco o que fazer por lá. Percorremos o que poderia ser o centro da cidade, guiadas por um mapa muito simples, quase inútil.
Igreja fechada, hospital, escola, prefeitura, correio, mercado, cemitério e um único cibercafé. Entramos, pedimos um café e recebemos um copo enorme com uma bebida morna. Compramos tickets para o uso da internet, caríssimos, algo como 20 reais por meia hora de navegação. Dá pra imaginar o que rende meia hora de internet num smartphone, com tanta coisa pra ver e contar? E ainda usamos parte desse tempo para trocar algumas palavras com o Ivo, o representante da Ice Tourism, reclamando dos perrengues da viagem.
Voltando às ruas, passamos pelo porto à procura de algum passeio turístico. Quem sabe uma volta de barco pelo fiorde... Nada!
Mais adiante, já próximo do hotel, uma mini-agência de turismo fechada anunciava um passeio de barco programado para o domingo. Mas ainda era sexta-feira e nós partiríamos no dia seguinte...
No hotel, as refeições - incluídas no pacote - eram simples. Comida normal, para turistas. Nada de pratos locais cheios de nomes e ingredientes irreconhecíveis. Ainda bem!
No dia seguinte, um campeonato de futebol entre times da região acontecia ali no campo, bem debaixo da nossa janela, animando a vila.
Enquanto a população torcia por seus atletas, embarcamos de volta a Kulusuk. Mais uma viagenzinha de helicóptero.
Dessa vez éramos as únicas passageiras do vôo. O tempo estava limpo e o piloto nos brindou com algumas voltas panorâmicas pelo fiorde.
Chegamos ao já conhecido aeroporto de Kulusuk e -  \o/  - havia alguém nos esperando. Valeu a reclamação via skype!
Fomos levadas ao Hotel Kulusuk, que era uma cópia mais simples do Hotel Angmagssalik.
Em volta do hotel, nada! Do nosso quarto víamos uma coleção de icebergs muito próximos. Fomos até lá animadas. Enquanto caminhávamos encantadas entre os icebergs, um cano de esgoto vindo do hotel começou a jorrar sobre o lugar. Mais tristeza!
Caminhamos até o porto abandonado. No trajeto, cães e mosquitos.
Tanto mosquito que apesar do lindo entardecer, tivemos que voltar pra dentro do hotel.
Aproveitamos pra usar a cara internet local. Mais meia horinha em contato com o mundo...
Jantamos e nos recolhemos ao quarto, que era uma cópia fiel do que tínhamos em Ammassalik. 
Pela janela, acompanhamos a trajetória do sol.  À meia-noite, a paisagem era essa:
Tivemos o nosso (quase) sol da meia-noite!
Pelo release da agência de turismo, soubemos que Kulusuk tinha cerca de 600 habitantes. E nos perguntávamos onde estariam essas pessoas...
Só soubemos a resposta a essa pergunta no dia seguinte, quando um hóspede do hotel (que também estivera no nosso voo desde Reykjavík e no Hotel de Ammassalik) nos falou sobre a vila.
Sim, existia uma pequena vila, a uns 30 minutos de caminhada do hotel. 
Fomos conferir. Um punhado de casinhas coloridas dispostas em volta de uma baía. 
Nossa visita foi rápida. Entre nuvens de mosquitos, tiramos algumas fotos  e despachamos alguns postais.
No meio da tarde deixamos a grande ilha.
Fotos de nossa passagem pela Groenlândia: aqui, aqui e aqui.

domingo, setembro 08, 2013

50 horas na Groenlândia - Parte 1

Quando eu estava no Grupo Escolar (sim eu sou do tempo do Grupo Escolar...), "colava" e pintava mapas de toda sorte. E volta e meia eu dava com uma ilha enorme que ficava lá no alto da página. Seu nome: Groenlândia. 
Para os meus poucos anos de idade, aquela ilha era apenas um desenho no papel, que eu pintava com certa má vontade, porque era muito grande... Muito diferente das outras, meros pontinhos no meio do mar azul.
Quem diria que um dia eu iria pôr os pés na dita cuja?
Pois aconteceu. 
Foi assim: quando começamos a planejar nossa viagem pelas terras quentes do verão europeu, pensamos em reservar parte do tempo disponível para visitar algum país desconhecido e menos quente. Logo nos veio à idéia a Islândia.
Saímos pesquisando e vimos que não daríamos conta de explorar o país por nossa conta e risco. Tratamos então de procurar uma agência que oferecesse um bom programa. Encontramos a Ice Tourism e gostamos do roteiro. Falamos pelo Skype com o responsável e o achamos confiável. 
E não é que ofereciam também pacotes para a Groenlândia? Ficamos entusiasmadas e, quando fechamos com eles a viagem pela Islândia, incluímos também uma voltinha naquela ilha grande e gelada dos mapas da infância.
E pronto! Pacote comprado, não nos preocupamos com mais nada. Nem mesmo procuramos saber o que havia pra fazer em Kulusuk e Ammassalik...
E foi assim, que numa noite de quinta-feira, partimos rumo a Keflavík, pela Icelandair. Foi um vôo interessante: deixamos Londres quando o sol começava a se esconder e, durante a viagem, o céu foi clareando, clareando... Chegamos à Islândia mais de onze da noite ainda com alguma luz.
No aeroporto de Keflavík, Egil, um guia da Ice Tourism, nos esperava. Com ele fizemos uma viagem de carro de aproximadamente 50km  até o Hotel Natura, em Reykjavík, convenientemente localizado ao lado do aeroporto doméstico, de onde partiríamos, no dia seguinte, rumo à Groenlândia.
Viajamos contra o tempo. Saímos de Reykjavík ao meio dia e chegamos a Kulusuk às 11h50. Coisas do fuso horário...
O céu não estava lá muito claro, mas deu pra ver muitos pontos brancos de gelo no mar antes do pouso.
O aeroporto de Kulusuk é um tiquinho. A pista é de terra batida. E estava lotado. Dali, voaríamos em helicóptero para Ammassalik, também conhecida como Tasiilak.
O primeiro perrengue da viagem apareceu aí: não havia ninguém nos esperando no mini aeroporto. No balcão da Air Greenland, a funcionária inuíte não encontrou nossas reservas para o vôo de helicóptero.
E aí? Precisávamos nos comunicar com o guia na Islândia... Internet, nem pensar. Telefone?
Enquanto procurávamos um cantinho pra chorar, a funcionária gritou nossos nomes. A reserva estava lá! Ufa!
Mais de duas horas depois - os vôos estavam atrasados - embarcamos para a primeira viagem de helicóptero das nossas vidas.
Viagem curta. Dez minutinhos e já estávamos aterrissando no super-mini-aeroporto de Ammassalik.
As belas paisagens prometidas para esse micro-vôo ficaram envoltas na neblina que pairava entre o helicóptero e o mar.
Foi daí que tivemos nossa segunda surpresa do dia: o carro do hotel, que deveria nos esperar, não estava lá.
Saímos desoladas do aeroporto para uma paisagem também desolada. Ladeiras em caminho de terra e nada nem ninguém à vista, exceto nossos poucos companheiros do vôo, que foram se dispersando rapidamente.
Lugar bem aprazível para esperar
um carro que não chega!
Foto: Ana Oliveira
Ana voltou para o interior do aeroporto para tentar alguma forma de resolver a questão. Nada!
Nosso vôo tinha sido o último do dia e o aeroporto estava prestes a fechar. A funcionária disse que o carro deveria estar lá e que ela não podia ligar para o hotel. Mas se  passasse algum tempo e nada acontecesse ela abriria uma exceção e ligaria. Nada aconteceu. Ela ligou!
Por fim, fomos resgatadas por um funcionário mal-humorado que nos levou até o Angmagssalik Hotel.
No check in, o recepcionista se desculpou pelo atraso do transfer, alegando que não sabia a que horas chegaríamos...
E pra completar o rol de surpresas, fomos informadas de que o modem que fornecia a internet para o hotel estava avariado há alguns dias! Nada de internet, portanto.
Estávamos, enfim, abandonadas e incomunicáveis no fim do mundo!!!!!
Foto: Ana Oliveira