sábado, julho 28, 2007

Viagem à Turquia - Parte IV - Na Turquia como os turcos

Mais um capítulo da viagem à Turquia, contando agora alguns dos costumes turcos que pudemos conferir e até participar.


Girando, girando!
Mão direita levantada para o céu.
Mão esquerda apontada para o chão.
São os dervixes dançantes da longínqua Capadócia!
Eles povoaram nossa primeira noite na Turquia.
Criada por Mevlana por volta do século XIII, a Ordem dos Dervixes chegou a ser extinta e considerada fora da lei por Kemal Ataturk no século 20.
Num primeiro momento, os dervixes aparecem envolvidos em um manto negro. Na cabeça levam um chapéu comprido. Essa vestimenta representa uma tumba e simboliza que o dervixe está morto para o mundo das aparências.
Ao som de música em louvor ao Profeta, os dervixes iniciam a dança. Depois de três voltas, tiram o manto negro, mostrando então a roupa branca que simboliza a morte dos desejos. A partir desse momento eles recebem autorização para girar e girar e girar... repetindo o movimento cíclico do universo em busca da perfeição.
A mão que aponta o céu quer receber os dons de Deus e a que aponta a terra quer transmitir esses dons ao mundo.
Terminada a cerimônia, foi a nossa vez de buscar a perfeição. Para isso, nada melhor que tomar um chá de canela e dar uma "pitadinha" num cachimbo de água.
Dois dias depois, estávamos em Konya - uma das cidades mais fundamentalistas da Turquia - visitando o Mausoléu de Mevlana, fundador da Ordem dos Dervixes.
Ainda na Capadócia, vivemos uma aventura tipicamente turca que não teve registro fotográfico. A única "prova" dela está está entre as fotos do álbum que abre esse relato: o cartão do banho turco Alaaddin.
Ali tivemos um verdadeiro banho turco, com direito a sauna, esfregão e massagem de espuma.
Funciona assim: depois de um tempo na sauna, você vai para um salão onde há uma enorme mesa de mármore aquecida. Fica ali, esquentando e esperando sua vez de ser vigorosamente esfregado por um turco munido de uma bucha bem áspera. O passo seguinte é uma massagem - também vigorosa - feita com espuma. Só então vem aquela parte que se vê nos filmes: pessoas sentadas em volta de uma pia, conversando e enxaguando-se com canequinhas de água.
O banho turco existe há milhares de anos. Mercadores turcos costumavam beneficiar-se de seus efeitos ao regressar de suas longas viagens, com a pele ressecada pelos ventos e os poros entupidos pela poeira a que se expunham ao atravessar terras áridas e desertos.
Assim, já iniciadas nos costumes turcos, seguimos visitando um sem-número de mesquitas e mausoléus.
Em Bursa, visitamos a Yesil Türbe (Tumba Verde), mausoléu construído como último abrigo para o Çelebe Sultan Mehmed, em 1421.
Da mesma época é a Mesquita Verde (Yesil Camii), com seus incríveis azulejos. Verdes, claro!
Ali testemunhamos algumas expressões da vida muçulmana do país, que, embora laico, tem 90% de adeptos do Corão.
É verdade que grande parte da população que se diz muçulmana não pratica os preceitos islâmicos, principalmente os mais jovens. Mas, como toda regra tem sua exceção, entre as fotos está uma jovem moçoila lendo o Corão num dos espaços reservados para estudos na Yesil Camii.
A entrada nas mesquitas é precedida de alguns rituais interessantes. Um deles é a retirada dos sapatos, que ficam numa prateleira logo na porta da mesquita. Difícil agüentar o cheirinho... apesar do ritual da ablução a que estão obrigados os fiéis antes de entrar.
Turistas, como Ana Maria, só se aproximam das fontes para fotos! Nada de abluções...
Já em Istambul, na Mesquita do Sultão Mehmed, pudemos testemunhar mais um aspecto da cultura islâmica: garotos preparados para a cerimônia da circuncisão. Ai!
Não é preciso dizer que não participamos desse ritual... Nossa única atuação islâmica foi posar para uma foto numa espécie de altarzinho muçulmano.
Para quem se interessar em obter mais informações sobre os dervixes dançantes, aí vai um link útil:

sábado, julho 21, 2007

Viagem à Turquia - Parte III: Ainda na Capadócia

Mais uma parte da já lendária viagem à Turquia, em edição revista e atualizada!

***
Não apenas o vento e a água moldaram as pedras da Capadócia. A mão do homem também deu ali sua contribuição, escavando cidades, fortalezas, igrejas.
Nos arredores de Nevsehir ( aquela,com cedilha no s...), fica Özkonak (assim, com trema no o...).

Özkonak abriga uma enorme cidade subterrânea escavada pelos habitantes da região durante o império romano. Era ali que aquele povo se escondia para se proteger dos saqueadores árabes. São salas de diferentes dimensões que serviam de dormitórios, salas de refeições, igrejas, enfim, tudo o que era necessário à vida cotidiana da população. Os imensos salões são ligados por túneis tão estreitos, que alguns até exigem que a pessoa se abaixe para poder passar.

Os antigos moradores dessa cidade sem céu desenvolveram sistemas bem interessantes de defesa e de ventilação. Havia "portas" deslizantes de pedra que interrompiam a passagem quando o perigo se aproximava.

No teto havia buracos por onde se podia espreitar e atacar o inimigo.

Esses mesmos buracos proporcionavam e entrada do ar para dentro da cidade. E isso funcionava tão perfeitamente que até parecia haver modernos aparelhos de ar condicionado tão fresquinho era o lugar.
Nas épocas em que não era necessário usá-la como refúgio, a cidade tinha sua utilidade como depósito de cereais ou como local para preparar vinho.

Outro espetáculo que a Capadócia nos ofereceu foi o museu ao ar livre de Göreme (também com trema no o...).

Localizado em um vale, juntando a beleza natural ao trabalho do homem, Göreme é um lugar extremamente interessante. Escavadas nas rochas há um sem número de igrejas rupestres decoradas com pinturas antigas. Algumas muito elementares, outras mais trabalhadas e coloridas.

Incrível como tudo isso foi feito com tão pouca tecnologia e se conservou por tanto tempo...
À saída ainda pudemos ver mais uma intervenção do homem na natureza: uma curiosa agência bancária...

Dali nos dirigimos para um povoado troglodita: Çavusin (outro nome com cedilha no s).

Começamos nossa visita por uma parte antiga e abandonada morro acima, com moradias também escavadas nas pedras e que hoje se transformou num imenso pombal.

E terminamos nossa caminhada matinal chegando à Çavusin dos dias de hoje.

Nossa última aventura pelas pedras capadócias – e pelas cidades escritas com ç em lugares estapafúrdios – foi a visita ao povoado de Uçhisar com sua imponente fortaleza, ponto mais alto de toda a região.

É ali, entre o Vale dos Pombos e a imensa fortaleza de pedra, que o povo de Uçhisar vive o seu cotidiano.

Para transportar: táxi ou camelo.

Para se localizar: placas de direção.

Para rezar: mesquitas.

E como a região é quentíssima no verão, não podia faltar o bom amigo sorveteiro, que posou alegremente para o click de Ana.

Bem, e clicks não faltaram. Se quiser ver mais alguns, visite nosso álbum no link abaixo:

Ainda na Capadócia

segunda-feira, julho 09, 2007

Viagem à Turquia - Parte II: Pedra e água

Aí está mais um capítulo da viagem à Turquia, realizada em 2004.
Na postagem anterior há mapas localizando os lugares por onde passamos. Nessa e nas próximas, relatos e fotos, muitas fotos.
Pra quem, como eu, não sabia, é possível aumentar o tamanho de algumas fotos dessas postagens simplesmente clicando sobre elas. Essa descoberta, que deve ser creditada a Ana, é bem útil no caso da última postagem, para ter uma visão melhor dos mapas que aparecem ali.
Bem, divirtam-se!
***
O sol ainda não havia raiado na capital espanhola quando chegamos ao aeroporto de Barajas.
Três ou quatro horas depois, cumpridas as formalidades aeroportuárias, estávamos a bordo de uma aeronave da Onur Air, com destino a Nevsehir (com cedilha no s...).

Com certeza você nunca ouviu falar desse lugar. Mas ele existe, acredite! Fica na Turquia e em seus arredores estão paisagens cuja existência nem sequer imaginamos em nosso dia a dia vivido entre muito concreto e pouca natureza.
O que víamos pela janela do avião era diferente de tudo o que já víramos um dia: variava entre tons do amarelo ao marrom. Nada de verde, nada de água...
Nevsehir está na Capadócia, a poucos quilômetros do Vale de Pasabagi (também com cedilha no s).
A bela e empoieirada Pasabagi, nos ofereceu uma visão inesperada: as "Chaminés das Fadas".

São formações vulcânicas compostas de materiais de diferentes texturas, que, com a ação dos ventos, sofrem modificações em sua forma e adquirem a aparência de uma chaminé.

Veja se não são parecidas com as chaminés de Gaudí, o arquiteto catalão que se inspirava nas formas da natureza...
Teria Gaudí alguma vez visitado o Vale de Pasabagi?

Ou será que, como nós, você pensa em algo mais... erótico para definir as tais "chaminés"?

Enfim, seja qual for a associação que se faça, Pasabagi existe para nos mostrar como a natureza pode ser surpreendente.
Seguindo no terreno das surpresas, dois dias depois, à hora do pôr-do-sol, chegávamos às piscinas de Pamukkale.

São rochas calcárias que, moldadas pelas águas termais que as banham, formam piscinas que se encadeiam montanha abaixo, num espetáculo deslumbrante.
Ao contrário do que pensávamos, essas piscinas não são enormes balneários públicos. São rasas e pequenas para acomodar a multidão que as visita.

Sua beleza é mesmo para ser contemplada e fotografada à exaustão. E foi o que fizemos: depois de molhar nossos pés cansados e inchados por tantas horas de viagem, nos dedicamos a fotografar cada ângulo desse paraíso.

Esmirna, às margens do Mar Egeu, foi o cenário do nosso próximo pôr-do-sol.

Bonita e animada, Esmirna se parece às nossas cidades praianas, com bares e restaurantes à beira-mar e muita gente pelas ruas se deliciando com a brisa marítima.

Aproveitamos os momentos que nosso guia nos concedeu para andar pela cidade e tomar uma cerveja local, admirando o azul-escuro das águas do Mar Egeu.

Que tal?

Se quiser ver mais algumas fotos dessa etapa de nosso périplo pela Turquia, acesse o álbum abaixo:

Pedra e água



segunda-feira, julho 02, 2007

Viagem à Turquia - Parte I: Localizando

Final de julho, começo de agosto de 2004. Quase três anos!

Nessa época, Ana e eu fizemos uma viagem à Turquia, com direito à parte asiática e européia do país.
Os preparativos começaram bem antes, ainda aqui no Brasil. Através da internet, compramos um pacote de uma operadora turística espanhola. Foram muitos e-mails trocados até que tudo ficou acertado, inclusive a entrega do material num endereço espanhol: o do Hostal Sonsoles, onde ficaríamos ao chegar a Madrid. Operação arriscada, mas deu tudo certo. E lá fomos nós para nossa primeira aventura turca, num grupo onde éramos as únicas não-espanholas.
Os detalhes da viagem foram contados aos amigos ao longo do segundo semestre de 2004. Vou recontá-los aqui nas próximas postagens, alterando uma ou outra coisinha, se for o caso. Portanto, preparem-se para "viajar" pela misteriosa Turquia!
Visitaremos Nevsehir, Pasabagi, Göreme, Pamukkale, Esmirna, Uçhisar, Çavusin, Özkonak... Lugares que parecem não existir no mapa, não é mesmo?
Mas não os inventamos, não. Eles existem e vamos provar.
Estamos falando da Turquia, país que tem suas terras em dois continentes: Ásia e Europa.

Tudo começou em Madrid, quando a bordo da Onur Air rumamos para Anatólia, a parte da Turquia que fica na Ásia.

Nosso destino era a cidade de Nevsehir, em plena Capadócia, uma região de Anatólia. Dali tivemos acesso a muitas das regiões de nomes esquisitos de que falamos.

Elas existem! E para que ninguém duvide, estão assinaladas com um círculo rosa (ou seria lilás?).
Foi também dali que partimos para outras aventuras turcas, chegando até Istambul.

E nesse rumo oeste inúmeras maravilhas desfilaram diante dos nossos olhos. Pamukkale, com suas piscinas de águas termais e seu lindo pôr-de-sol. Esmirna à beira do Mar Egeu. E outras mais, belas e curiosas. Aí estão elas (também marcadas no mesmo tom rosa/lilás).

Nem é necessário dizer que tudo foi exaustivamente fotografado, não é mesmo?
Pois, voltem a esse blog de quando em quando e terão oportunidade de seguir a nossa "novela" turca.
Próximo capítulo: Pedra e água