domingo, março 24, 2019

Na ocupação

Hoje faz um ano que viemos morar no centro de São Paulo.

Um ano de novas experiências, novas descobertas.

Um ano "fiscalizando", das nossas janelas, a Ocupação Nove de Julho.

Já teve festa, show, almoço, exposição, gravação de videoclipe.

Daqui do alto, acompanhamos a pintura do muro, o trabalho na horta, a movimentação dos moradores.

Foto: Ana Oliveira

Hoje teve almoço na ocupação. Quem cozinhava era a Neka. Aquela Neka, a Neka Menna Barreto, a dos banquetes, sabe?

Fui lá, como já fomos outras vezes. A comida estava deliciosa e a casa, cheia.

Depois de comer, fiquei ali no pátio, vendo quem entrava e quem saía. Muita gente!

Vai daí que passa uma das voluntárias (há muitas e muitos, principalmente em dias de almoço) convidando para uma visita guiada ao prédio. Opa! Presente!

Os interessados, nos reunimos na entrada e esperamos pela Selma, uma moradora que fez o papel de guia nessa aventura pelo prédio dos anos 40.

São 14 andares, mas os elevadores não funcionam. Fomos pelas escadas.

O que já vai logo chamando a atenção é a limpeza das escadas e dos corredores. Tudo antigo, com marcas do tempo, do uso e do desuso, mas tudo limpo e organizado. 


São 130 famílias morando ali.

Selma nos contou que para ser admitido como morador é preciso aceitar e cumprir regras: "homem que bate em mulher tá fora!" Drogas e bebida não são permitidas.

A boa convivência é incentivada. Há coordenadores por andar e qualquer desavença é tratada em reunião com os envolvidos, além das reuniões periódicas com todos os moradores.


A brinquedoteca é uma graça. Tudo organizado. Ali fazem atividades para as crianças e há pessoal voluntário para cuidar dos pequenos no caso de a mãe precisar se ausentar.

No mesmo ambiente, está uma pequena biblioteca infantojuvenil. Tudo conseguido através de doações.

Selma nos levou à casa dela, no 8º andar , ou será no 9º? Perdi a conta...

Pequena, mas toda arrumadinha. Sala com TV, quarto do neto todo enfeitado com motivos infantis, máquina de costura e uma área externa de onde se vêem... as nossas janelas.

É ali: três janelas clarinhas, no penúltimo andar, à esquerda,
acima do único toldo que se vê na fachada.
Visitamos também um apartamento que está em reforma. Os moradores trabalham em esquema de troca: um ajuda o outro fazendo aquilo que sabe. Nessa reforma, o marido da Selma está ajudando na parte elétrica. E eles também tiveram ajuda de outros moradores quando estavam reformando o deles.

Enfim, uma comunidade de gente como a gente.