domingo, dezembro 30, 2007

2007 foi bom!

Quase último dia do ano...
Faço um retrospecto na minha agenda eletrônica. Percorro os 364 dias já passados em busca dos filmes, shows, viagens e outros acontecimentos bons de 2007.
Do cinema selecionei:
  • Crazy – Loucos de amor
  • Pedrinha de Aruanda
  • Paris te amo
  • Piaf – Um hino ao amor
  • Jogo de cena
  • A vida dos outros
Shows, foram muitos. Destaco:
  • Rubi – Infinito Portátil, no Espaço Virgílio
  • Mônica Salmaso, no teatro FECAP
  • Rubi – Paisagem Humana, no SESC Avenida Paulista
  • Mônica Salmaso, no Memorial da América Latina
  • Três meninas do Brasil – com Rita Ribeiro, Jussara Silveira e Teresa Cristina, no Teatro Nelson Rodrigues – Rio de Janeiro

Além de dois de Maria Bethânia e um montão de Chico César.

Viagens? Sempre...
Começando com Amazonas e Pará, em fevereiro.
Depois, Buenos Aires, em abril.
Em maio, aquilo que chamei de Rallye do sertão: viagem por terras paulistas entre Itapetininga, Sorocaba e Presidente Prudente, pra passear e ver shows dos queridinhos: Chico César e Maria Bethânia.
Junho, agosto e dezembro, Rio de Janeiro. Viagens rápidas pra ver os mesmos queridinhos de maio e mais Rita Ribeiro, outra queridinha!
São Francisco Xavier em setembro, pra ver outros queridinhos: Kléber Albuquerque e Rubi.
Itacaré, Ilhéus, Santo Amaro e Salvador, em outubro, pra passear, trabalhar e ver amigos.
E cidades históricas de Minas Gerais em novembro. Claro, com escapada a BH pra ver o queridinho-mor: Chico César.
E mais:
Em abril conheci o MASP. Paulistana convicta, ainda não tinha visitado o museu. Pode?
Um plano que vinha arquitetando há algum tempo foi colocado em prática em maio: comecei um curso de webdesigner... que ainda não terminei.
Em setembro, uma surpresa: Chico César entre os amigos que celebraram meu aniversário aqui em casa.
Outubro trouxe uma novidade: a primeira "renda" proveniente da venda de uma foto para a Editora FTD. Vai sair num livro didático.
E mais... leituras, amigos e amor.
Não posso reclamar de 2007.
Pra 2008... fica a mensagem mais original que recebi, da amiga poetisa Rosângela Darwich:

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Voltando às origens

Era aniversário do Centro Cultural São Paulo. 25 anos.
Dentre as muitas comemorações: um show de Chico César.
A história de Chico com o CCSP é antiga.
Numa entrevista a Flávia Ragazzo ele fala desse lugar onde iniciou sua carreira paulistana:
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FR – Que papel o CCSP desempenha na sua história profissional?
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CC – O primeiro show que eu fiz em São Paulo foi no CCSP, na sala Adoniran Barbosa. Era um show que ia se chamar Pentelho Luminoso, mas logo entrou o Jânio Quadros e os diretores ficaram com medo, pediram para mudar o título. Aí a gente mudou para Pastoril do Velho Fascista, em homenagem a um político de então. Este foi o primeiro espaço que me fez sentir que eu seria um artista bem vindo na cidade. Creio que isso aconteceu com muitos outros músicos, como Vidal França e Paulinho Pedra Azul.
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FR – Como foi a receptividade do público nas suas apresentações aqui?
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CC – Foi muito boa. Essa proximidade, a possibilidade de levar crianças, sentar, ficar passeando ali embaixo, brincando, vendo o show ou subindo no palco é muito bacana. Essa coisa de o palco ser baixinho cria um olho no olho que a maioria dos palcos não permite, porque é sempre uma coisa verticalizada, o artista em cima e a platéia em baixo. Eu acho que é o espaço ideal pra ter esse tipo de encontro informal, improvisado.
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FR – Qual a importância do Centro Cultural São Paulo para a cidade?
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CC – O CCSP tem um papel histórico em São Paulo. É um ponto de encontro de artistas, de gerações. Sempre foi um espaço muito democrático, aberto para a poesia, a dança, a fotografia, as artes plásticas em geral, para o teatro. É um lugar muito bacana, com muita história. A cultura é algo dinâmico, vivo, feito e refeito cotidianamente. O CCSP, independente dos eventos que realiza, possibilita encontros, é um ponto onde artistas alternativos se reúnem para tocar violão e trocar versos.
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FR – Como se sente fazendo parte das comemorações dos 25 anos da instituição?
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CC – Fico muito feliz de ter tido aquela primeira oportunidade de tocar em um espaço tão bacana. E fico muito lisonjeado de ser lembrado para participar dessas comemorações, porque isso significa que o espaço tem uma visão de reciprocidade em relação a mim. Eu reconheço o espaço como parte da minha vida, e ele também me vê fazendo parte da história dele.

O show foi grátis, portanto era necessário chegar cedo pra pegar o ingresso e curtir a fila. Enquanto isso, o Chico - de bermuda e tênis - e Priscila Brigante passavam o som lá no "buracão" que é a mesma Sala Adoniran Barbosa do primeiro show em terras paulistanas.
Como não dava pra ficar na fila e ver a passagem de som, ficamos revezando pra antever um pouquinho do que seria o show completo.
Sete da noite, todos já acomodados, em cima e em baixo, o moço entra todo de preto. Faz um discursinho sobre sua história com o Centro Cultural
e diz que não estava ali para cantar e sim para apresentar Dota Kher, uma cantora alemã, cujo CD ele acabava de lançar pelo seu selo: Chita.
Dota cantou umas três ou quatro músicas dela e terminou sua participação cantando À primeira vista, metade em português e metade em alemão.
Sai Dota, entra Chico. Com outro figurino: camiseta preta de mangas curtas e calça branca com listinhas pretas. Começou com Béradêro, seguiu com os versos do Cantáteis e Moer cana. Em seguida arrasou com Invocação, ousando dizer as palavras que Bethânia em sua gravação, não teve coragem de pronunciar:
Deus dos sem deuses
Deus do céu sem Deus
Deus dos ateus
Rogo a ti cem vezes
Responde quem és?
Serás Deus ou Deusa?
Que sexo terás?
Mostra teu dedo, tua bunda, tua face
Deus dos sem deuses
Taí pra conferir: Invocação
Entre outras, cantou Saharienne e Feixe.
Junto com De uns tempos pra cá, cantou uma música de Zé Ramalho: Adeus segunda-feira cinzenta
E ainda cantou uma nova, uma espécie de marchinha de carnaval: Santos Dumont
Terminou com a já famosa Mama África, claro! E o povo vibrou!
Depois do show fomos pro camarim levando o LP Música da Paraíba Hoje, que contém a primeira gravação do moço: Virgem louca mimadinha. Relíquia que consegui finalmente encontrar na loja Passadisco, de Recife.
Quando aprensentei o LP pro Chico autografar, ele o mostrou pro irmão, Gegê, que já estava no camarim, e ficaram comentando...
Gravou na velha capa do disco, a seguinte dedicatória:
"Ana e Carmem: marcas de mim em vocês e de vocês em mim. Feliz 2008."
Assim foi o 99° show de Chico que assisti em minha carreira de fã.
Agora, rumo ao 100°. Isso vai merecer uma comemoração!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Pelas terras dos inconfidentes

Fazendo um esforço de memória, consigo me lembrar de quatro viagens anteriores às cidades históricas de Minas... ou seriam cinco?
Não importa! O que importa, mesmo, é que acabo de voltar de outra viagem àquelas terras e ainda trago nos sapatos o pó daquelas ladeiras, minas, igrejas, museus...
Foram seis dias entre Tiradentes, Congonhas, Ouro Preto e Mariana. Sem contar com passagens por Belo Horizonte, São João del Rei e Sabará.
A capital mineira entrou na história por um motivo simples: Chico César e o Quinteto da Paraíba se apresentavam ali no dia 25/11.
Assim, chegamos e partimos pelo aeroporto dos Confins, que fica mesmo nos confins... Nunca vi nome tão apropriado!
A bordo de Danton, um Celta da locadora Budget, circulamos pela confusa BH e viajamos pelas cidades históricas. Éramos três: Ana Maria, Ana Letícia e eu.
Chovia bastante quando passamos por Congonhas, a caminho de Tiradentes. Mas paramos mesmo assim. A chuva deu algumas tréguas. O suficiente para andarmos um pouco entre os doze profetas do Aleijadinho, que não se cansam de olhar para a cidade desde seus postos no átrio do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos.
Almoçamos na Cova do Daniel e seguimos viagem.
Ruelas iluminadas com lampiões nos esperavam na pacata e bela Tiradentes.
Na praça principal, uma novidade: sinal de internet wi-fi passeando pelos ares, à disposição de quem o quisesse usar. Modernidades do século XXI! Tiradentes está querendo entrar para o Primeiro Mundo!!!!!!!!!!
Terminamos o dia com um sarau no quarto da Pousada do Ó: música da Paraíba e prosecco...
A viagem não tinha somente objetivo turístico. Havia trabalho envolvido.
E começou no dia seguinte: alunos da UNESP de Assis chegavam para participar de um congresso em Ouro Preto e de alguns passeios culturais guiados por Ana Maria.
Munida de seu exemplar do Romanceiro da Inconfidência (Cecília Meireles), Ana encontrou os alunos em frente à Matriz de Santo Antonio. Diante da estátua do Alferes Tiradentes, logo em frente ao Museu Padre Toledo, ouvimos a primeira leitura de poema: Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência, que tem como tema o clima conspiratório das primeiras reuniões dos conjurados. Algumas dessas reuniões teriam ocorrido na casa do Padre Toledo, que hoje abriga o Museu.
Depois da visita ao Museu, à Matriz de Santo Antônio e à Igreja do Rosário dos Pretos, caminhamos até o antigo chafariz do século XVIII, onde ouvimos mais um trecho do Romanceiro: Fala à Comarca do Rio das Mortes, que conta o fracasso da conjuração e faz referência aos personagens e lugares daquela região, antes Comarca do Rio das Mortes, hoje Tiradentes e São João Del Rei.
Por São João del Rei, passamos rapidamente, apenas para uma visitinha à Igreja de São Francisco de Assis e ao Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco. De lá voltamos a Congonhas, mas foi apenas um pit stop. Nosso destino naquele dia era Ouro Preto.
De volta à estrada, fomos apanhadas por uma chuva torrencial, que nos obrigou a parar por algum tempo. Mas, como atrás da tempestade vem a bonança, ganhamos de presente um lindo arco-íris, que nos acompanhou durante grande parte do trajeto Congonhas/Ouro Preto.
Na antiga Vila Rica, nos hospedamos no Pouso do Chico Rey, uma pousada instalada numa casa do século XVIII. Ela funciona há décadas. Era de propriedade de duas mulheres: Lilli Correia de Araújo, dinamarquesa (tinha sido casada com um pintor brasileiro) morta há cerca de um ano, aos 99 anos, e a pintora brasileira Ninita Moutinho. Foram muito amigas de Elizabeth Bishop, que esteve muitas vezes com elas e, depois da morte de Lota Macedo, acabou também comprando uma casa em Ouro Preto. Outro pintor que viveu naquela cidade – Guignard – hospedava-se ali também, e pintou as portas de um armário, incluindo os nomes das donas. “É um local pitoresco, com muita personalidade. O que falta do conforto de hotéis mais modernos sobra em charme”. Essas últimas palavras são de Ana, que fotografou cada ângulo do pouso e preparou uma apresentação com as fotos. Está logo aí abaixo, no post anterior...
Bem pertinho dali, fica o novo Museu do Oratório. Lindo!
Com os alunos, caminhamos pelas ladeiras da cidade de ponta a ponta. Visitamos as principais igrejas e pontos de interesse histórico.
Diante da Igreja da Conceição, no bairro de Antônio Dias, tendo como pano de fundo a casa onde viveu Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília, ouvimos o “Retrato de Marília em Antônio Dias”, em que Cecília Meireles descreve essa personagem já idosa, subindo a ladeira para assistir à missa na igreja onde mais tarde seria sepultada.
Retrato de Marília em Antônio Dias
(Essa, que sobe vagarosa
a ladeira da sua igreja,
embora já não mais o seja,
foi clara, nacarada rosa.

E seu cabelo destrançado,
ao clarão da amorosa aurora,
não era prata de agora,
mas negro veludo ondulado.

A que se inclina pensativa
e sobre a missa os olhos cerra,
já não pertence mais à terra:
e só na morte que está viva.

Contemplam todas as mulheres
A mansidão das suas ruínas,
Sustentada em vozes latinas
De réquiens e misereres.

Corpo quase sem pensamento,
amortalhado em seda escura,
com lábios de cinza murmura
“memento, memento, memento...”

ajoelhada no pavimento
que vai ser sua sepultura.)

No subsolo dessa igreja há o Museu do Aleijadinho, que acabava de ser reinaugurado com toda pompa e presença de autoridades, incluindo o Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Nos disseram que ficou lindo! Mas parece que a festa havia sido pró-forma, porque o Museu permaneceu fechado à visitação nos dias seguintes e não reabriu até o último dia de nossa estada por lá. Pena!
Teremos que voltar...
Na casa onde viveu Tomás Antônio Gonzaga, ouvimos o terceiro “Cenário”, em que Cecília discorre sobre a casa abandonada do poeta inconfidente.
E na Casa dos Contos, diante da cela em que teria sido encontrado morto Cláudio Manuel da Costa, ouvimos “Romance XLIV ou de Cláudio Manuel da Costa”, que trata justamente das circunstâncias nebulosas em que ocorreu a morte desse poeta.
Quinta-feira. Demos uma escapada até a Mina da Passagem, entre Ouro Preto e Mariana, com direito a viagem de carrinho mineiro até o fundo da mina. Voltamos rapidinho, pois Ana ainda acompanharia os alunos ao Museu da Inconfidência. Última visita, com leitura dos dois poemas: “Romance LXIII ou do Silêncio do Alferes”, diante da madeira que fez parte da forca em que morreu Tiradentes, e “Fala aos inconfidentes mortos”.
Cumprindo meus deveres de motorista, fui guardar Danton em segurança e me atrasei para essa visita ao Museu. Acabei perdendo uma passagem marcante: o último poema foi lido diante do panteão dos inconfidentes e, ao final da leitura, soou um sino, numa coincidência significativa, que emocionou a todos.
E assim terminou a apresentação, ao vivo, do cenário de uma das obras mais significativas da literatura brasileira.
No dia seguinte, Leca, Ana e eu fomos de ônibus para Mariana. Tínhamos um plano: voltar no Trem dos Inconfidentes, recém reinaugurado, que faz o trajeto entre as duas cidades. Valeu! A viagem é bem bonita.
Quem quiser saber um pouquinho mais sobre esse trem, pode clicar no link abaixo:
E ainda tivemos a sorte de chegar a Mariana a tempo de assistir ao concerto no órgão Arp Schnitger, na Catedral Basílica da Sé daquela cidade, com direito a informações sobre o funcionamento daquele instrumento raro, único exemplar existente no Brasil.
Encontrei na net um filminho que mostra parte de um concerto feito ali, pela mesma Josinéia Godinho, que tocou para nós naquela sexta-feira. Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça, quem tiver olhos pra ver, que veja:
O primeiro dia de dezembro, sábado, foi nosso último dia em terras mineiras. Visitamos a Mina do Chico Rei e pegamos a estrada rumo à capital. Chegaríamos cedo. Decidimos então ir até Sabará. De lá, saímos já um pouco atrasadas rumo ao aeroporto. Chegamos em cima da hora para os trâmites aeroportuários, mas o vôo estava atrasado... Ufa! Relaxamos!
E relaxamos tanto que mais tarde chegamos a ouvir nossos três nominhos no serviço de som do aeroporto, chamando para o embarque...
Mais fotos?
Veja aí:
Ah! Já ia me esquecendo das comidinhas. Docinhos do seu Chico doceiro em Tiradentes, sorvetes diariamente em Ouro Preto, torresminhos de todas as formas, cores e tamanhos... Hum!!!!!!

domingo, dezembro 09, 2007

Pouso do Chico Rei

Fica em Ouro Preto.
Estivemos lá no final de novembro.
As fotos e textos são de Ana Oliveira.

As fotos ficaram pequenas, né? E as legendas, então...
Se quiser, mande um recadinho que envio o arquivo original, com fotos e legendas bem GRANDES...



Atualização em 22/07/2012
Então... o arquivo que Ana preparou sobre o Pouso do Chico Rey estava num site de fotos e... sumiu!
Nem sei mais como recuperá-lo.
É um arquivo pps e não sei se há algum jeito de compartilhar o dito cujo com todas as suas propriedades.
Por enquanto, fiquem com esse link do compartilhamento dele no Google Docs: 
Pouso Chico Rey

sábado, dezembro 08, 2007

Agora a comemoração...

Dois anos!
Tudo começou assim, sem muita idéia do que ia acontecer... Era 30 de novembro de 2005.
De uns tempos pra cá, fez muito mais sucesso do que eu poderia supor... e ainda faz.
Ano passado, ao comemorar o primeiro aniversário, o blog ganhou “de presente” um contador.
Daí pra diante foram mais de 2200 visitas.
Amigos antigos, novos amigos, conhecidos e até desconhecidos...
Gente que passou por aqui, leu, curtiu, deixou sua opinião – ou não.
Gente que participou comigo de shows, viagens, fatos novos e antigos que apareceram aqui, nesses últimos doze meses.
A comemoração desse segundo ano de vida do De uns tempos pra cá, vai em forma de álbum fotográfico, relembrando parte dos assuntos que nos entretiveram de uns tempos pra cá.