1. Casablanca
Estreamos em Casablanca barganhando com o motorista de táxi que nos levaria até a Medina, único local eleito por nós para passar algumas horas em terra naquele domingo pascal. Havíamos rejeitado o passe de ônibus oferecido pelo navio a US$22 por cabeça e quando fomos abordadas pelos taxistas no porto nos pediram €20 pela corrida. Conversa vai, conversa vem, fechamos em €10 e fomos escoltadas porto afora pelo tal motorista (que quase foi linchado pelos colegas) até chegar ao local onde estava estacionado seu veículo: um Mercedes! Chique, nós, né? Mas, vejam só o estado do carro:
O motorista fez de tudo para nos convencer a fazer um tour pela cidade, mas fomos firmes. Só nos interessava a Medina! Inconformado, ele nos deixou numa das portas do mercado. Andamos por uma medina sem graça, degradada, cujos produtos, em sua maior parte, eram xing-ling. Parece que a China chegou à Medina... em Casablanca, pelo menos.
Decepcionadas, saímos dos muros para procurar onde tomar um café. Escolhemos o bar de um hotel logo ali em frente e nos sentamos entre mesas e mesas frequentadas exclusivamente por homens. Era o tradicionalíssimo Café Excelsior. O Wi-Fi do lugar era ruim, mas o garçom foi muito simpático conosco, indicou onde comprar um chip marroquino para nossos celulares e um restaurante onde comer um típico couscous.
Almoçamos bem, tomamos o tradicional chá de menta e voltamos ao navio num outro Mercedes em estado semelhante ao primeiro, pagando US$10. A economia total com transporte pagou nosso almoço com folga!
Nosso plano era ficar a bordo aproveitando a paisagem, a temperatura amena e os GB adquiridos da Méditel. Mas, qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que a carga do nosso chip era de apenas 500MB! Nem bem começamos nossas tarefas internáuticas, recebemos o alerta de que, para continuar, precisávamos fazer uma nova recarga... E como fazer isso?
Tivemos que voltar à cidade. Dessa vez fomos a pé até a Gare de Casa-Port - a estação ferroviária - que ficava logo na saída do porto. Bonita e moderna. E ainda havia lá uma loja da nossa operadora Méditel!
Foram apenas 4km, ida e volta. Mas pudemos conhecer mais um ponto da cidade.
À noite, com vento frio e muito balanço, o Armonia partiu de Casablanca com destino a Tânger.
(Aos que ficaram curiosos com a performance dos coelhinhos marroquinos, informo que, por absoluta falta de jardins, eles não puderam esconder os ovinhos a que tínhamos direito nessa Páscoa.)
2. Tânger
Quando acordamos na segunda-feira, um belo dia azul nos esperava fora do navio.
Ali, caminha-se bastante pelo porto até chegar à saída onde estão os táxis.
Negociamos com o taxista e conseguimos um pequeno desconto na tarifa inicial: dos €10 pedidos, pagamos €8. Embarcamos num Mercedes em estado quase tão precário quanto os de Casablanca e fomos deixadas na entrada da Medina .
Ana e eu já conhecíamos Tânger de outros carnavais e tínhamos boas lembranças da cidade.
Andamos por tudo ali, apreciando cada recanto com muito mais entusiasmo.
Essa sim era uma Medina interessante e típica. Se bem que não temos tanto conhecimento no assunto. Além dessa, só conhecemos a de Tetouan e a de Casablanca.
Fizemos algumas compras, pechinchamos, fotografamos, fomos a uma farmácia, tomamos café num bar de hotel (eles sempre nos parecem mais hospitaleiros que os bares comuns...), recarregamos mais uma vez nosso Méditel que já havia mandado mais um alerta de recarga, e saímos da Medina com a intenção de tomar uma cerveja na praça antes de voltar para o navio.
Doce ilusão! Distraídas, ou ignorantes, não nos demos conta de que os muçulmanos não tomam, nem vendem, bebidas alcoólicas. O garçom de um bar mequetrefe nos informou da proibição e nos ofereceu chá de menta em lugar de cerveja... Chegamos até a aceitar, mas diante da demora para servir o chá e da precariedade do lugar, nos levantamos e partimos sob os gritos do garçom.
Vilma tinha visto que no bar do hotel onde tomáramos café serviam cerveja. Decidimos voltar até lá. Mas acabamos entrando por outro caminho. Perguntamos a um jovem comerciante onde poderíamos tomar a bebida proibida. Não sem antes avisar que cerveja faz mal à saúde, ele nos indicou o lindíssimo Restaurant Hamadi.
Ali, sim, tomamos algumas garrafinhas de Flag, a cerveja local, acompanhada de uma porção de kafta e música típica ao vivo.
Foi um passeio e tanto. Voltamos para o navio num outro táxi Mercedes, cujo simpático motorista nos cobrou €5 pela corrida e fez um caminho quase turístico para chegar ao porto.
Que fique registrado em ata, mais uma vez: Casablanca é cidade do tipo "viu tá visto", mas Tanger é cidade para voltar, e voltar e voltar...
3. Estreito de Gibraltar
A partida de Tânger – e de Marrocos, a terra onde reina Mohammed VI – aconteceu no meio da tarde ensolarada.
Muita gente saiu às áreas externas do navio para acompanhar a navegação pelo Estreito de Gibraltar, com terras marroquinas de um lado e europeias do outro.
Quase no final do estreito, Ana fez essa foto panorâmica:
Aí estão as duas elevações que compõem as mitológicas Colunas de Hércules: à esquerda, o rochedo que dá nome ao Estreito e à direita, a cidade de Ceuta e as Montanha Atlas.
E foi assim que deixamos as águas agitadas do Atlântico para navegar calmamente pelo Mediterrâneo.
Nessa noite, adiantaríamos mais uma hora nos nossos relógios.
(A título de informação: a Méditel cumpriu seu papel até quase o final da trajetória, permitindo que postássemos muitas fotos nessa tarde.)
Estou amando acompanhar a travessia... Ansiosa pela China. Aproveitem muito.
ResponderExcluirTá chegando a hora, Flora. Em uma semana estaremos lá!
ExcluirCarmem e Ana
ResponderExcluirCurti o chá caindo do bico da chaleira. Mas, com certeza, a cerveja do navio não foi a "Speciale". Parabéns a Ana pela panorâmica de Gibraltar. Bo chegada em Terra. E agora, para a China ! Boa viagem.
A cerveja, que, como é sabido,faz mal à saúde, era uma típica do Marrocos, fabricada sob os olhos de sua majestade o rei Mohammed VI.
ExcluirDesembarcando agora. Valencia,aqui vamos nós!