quarta-feira, abril 06, 2016

A caminho da China - Voando com a Finnair



Eu já contei aqui, mas repito: nosso passeio pela China foi contratado com a Sinorama, uma agência canadense com representação na Espanha.

O motivo? Bem, encontramos um bom roteiro partindo de Madri, com um preço razoável e garantimos guia em espanhol, o que é sempre mais fácil de encarar.

Portanto, tudo o que vai acontecer nas duas próximas semanas, vai ser por conta da Sinorama: voos, hotéis, passeios e até algumas refeições. 

O programa é bem denso e teremos poucos momentos livres para escapadas independentes.

Em Madrid, check in on line feito, malas prontas, lá fomos nós na terça-feira, 5 de abril, de manhãzinha, para Barajas. Fomos de táxi e tivemos a desagradável  surpresa de um acréscimo de quase 50% no valor tarifa fixa que é de €30. Só ao chegar ao Terminal 4 foi que o motorista nos falou de uma "taxa" de €12,50, porque éramos quatro pessoas, disse ele... Acho que fomos exploradas!

Nossos bilhetes aéreos de ida e volta foram emitidos pela Finnair, companhia aérea da Finlândia, e incluíam, tanto na ida quanto na volta, uma conexão em Helsinque.

Apesar do mau humor da atendente do balcão da companhia aérea, conseguimos despachar nossa bagagem rapidamente, passamos pela imigração e ficamos livres para tomar nosso café da manhã antes do embarque. 

O voo saía de Madri às 10h20 para chegar a Helsinque pouco depois das 15h, hora local com um fuso a mais pra nossa coleção. Ficamos, assim, com uma diferença de 6 horas do Brasil.

Durante as 4 horas de voo só nos serviram água e suco. Quem quisesse comer, sempre poderia comprar os lanches superfaturados do avião. E foi assim que chegamos esfomeadas a uma Helsinque fria e com alguns pontos de neve.

Encontrar algo apetitoso para comer no aeroporto, já é sabido, é tarefa difícil. Fomos e voltamos pelo longo caminho entre o desembarque e o nosso próximo portão de embarque e acabamos optando por um lanchinho no Starbucks.

Pra prevenir para o próximo voo, que seria bem mais longo, compramos pão, queijo e vinho a preço de aeroporto: uma fortuna.

Nossos lugares no voo AY051 não foram escolhidos por nós, mas eram bons. Ficamos, nós quatro, com seis  poltronas da fila 41, já que os outros dois passageiros que estariam ali foram realocados porque estávamos na saída de emergência e eles declararam não falar inglês. Assim, viajamos folgadas, sem ninguém na nossa frente, com bom espaço para nossas pernas. O único inconveniente - sempre tem algum, né? - foi que  algumas pessoas usavam o espaço à nossa frente para passar de um lado ao outro do avião, a despeito das nossas caras feias.

Pouco depois de atingirmos a velocidade de cruzeiro, a tripulação anunciou que serviriam o jantar. Deixamos nosso farnel finlandês guardado nas mochilas e aguardamos a passagem dos carrinhos que, ao contrário do usual, não traziam o famoso chicken or pasta. Dessa vez as opções eram chicken or pork.

Durante sete horas e meia cruzamos os céus da Finlândia, da Rússia, da Mongólia e da China e, finalmente, aterrissamos em Beijing, por volta das 7h da manhã do dia 6 de abril. Estávamos, agora, muitos fusos horários à frente dos relógios brasileiros, mais precisamente onze!

Na imigração, uma surpresa: nossos passaportes brasileiros nos davam "direito" a uma passagem pelo serviço de saúde do aeroporto, onde tivemos que preencher um formulário com perguntas sobre contato com pessoas contaminadas pelo zika e estado geral de saúde. Por fim, mediram nossa temperatura e nos deram um OK. Só então pudemos voltar à fila da polícia para obter os carimbos de entrada no país. Ufa!

É claro que tudo isso gerou uma demora maior que a dos outros companheiros de viagem, que já nos aguardavam no saguão do aeroporto, com o nosso guia chinês.

Foi emocionante nossa estreia na terra do camarada Mao, não foi?

A caminho da China - No meio do caminho tinha Madri



Num final de tarde de um sábado primaveril, desembarcamos do AVE em Madri.

Para chegar ao nosso hostal predileto, o Sonsoles, foi preciso abrir caminho "a faca" entre as milhares de pessoas  que passeavam pela Calle Fuencarral.

Fazia sol e a tarde/noite tinha temperatura agradável.

Primeira providência: ir ao Museo del Jamón para dos cañas y dos chiquitos.

Rose e Vilma chegaram tarde da noite, cansadas. Vinham de Gênova, onde desembarcaram do navio. O vôo delas tinha conexão em Paris. Estiveram o dia todo em trânsito.

No domingo teve um pouco de frio e chuva, o que não nos impediu de ir ao Rastro, às compras, ao Revuelta para comer bacalhau e tomar vermouth de grifo e ainda apresentar o Puerto Rico - nosso restaurante queridinho - para as meninas.

No Revuelta

À noite, mais Museo del Jamón. Dessa vez, subimos ao salão. Teve queijo, jamón e vinho.

Terminamos a noite com chocolate com churros no San Ginés.


Não somos fracas!

A segunda-feira foi bem fria e chuvosa.

Para o café da manhã, experimentamos - e amamos - o Gourmet Experience do El Corte Inglés. Grande pedida para um dia chuvoso, que deve ser lindo também em dias ensolarados. A vista é maravilhosa e o espaço é um luxo. Gostamos tanto que voltamos mais tarde, depois do almoço no La Carmela, para outro café e chá.


No final do dia, ainda demos uma voltinha no Mercado de San Anton, compramos belas frutas para o lanche da noite e...

Tchau, Madri!

Amanhã começaremos, enfim, o caminho para a China, com uma passadinha pela Finlândia.

Sairemos cedo de Madri, faremos uma conexão em Helsinque e chegaremos - mortas,  imagino - a Beijing na manhã da quarta-feira.

Bora?

segunda-feira, abril 04, 2016

A caminho da China - Conquistando o Mediterrâneo

Tudo mudou quando, por fim, chegamos ao Mediterrâneo. O vento, que havia atingido quase 70km por hora, ficou mansinho e caiu pra menos de 5km/h, as altas ondas desapareceram e seguimos navegando calmamente. Ufa!

1. Cartagena


Confesso que esperava pouco de Cartagena, mas a cidade me surpreendeu positivamente.

O porto fica muito próximo da cidade e se integra a ela com bares animados e calçadões agradáveis. Uma alegria!

Desembarcamos e caminhamos diretamente para onde julgávamos estar o tal teatro romano da cidade. Mas a construção antiga e arredondada que tínhamos visto do navio não era o teatro e sim a Plaza de Toros, que estava fechada para reformas e pesquisas arqueológicas... 


Movimento seguinte: subir no elevador panorâmico que leva ao Castillo de la Concepción. Decisão mais que acertada! Do alto, vimos a Plaza de Toros e o Teatro Romano. E demos tudo por visitado. Andamos um pouco pelo castelo e já estávamos prontas para seguir adiante.

Próxima atração: centro da cidade. Fomos de táxi para poupar forças. Fazia sol, estávamos mais agasalhadas do que o necessário e ainda tivemos o dissabor de encontrar um portão fechado a cadeado no caminho que nos levaria ao destino. Os €10 despendidos valeram cada centavo e chegamos belas e faceiras à Calle Mayor. Por ali, tomamos nosso primeiro Bitter Kas - que na verdade era um Mare Rosso - entramos em tudo quanto era loja, pusemos mais créditos nos chips espanhóis, almoçamos "menu del dia" e voltamos lépidas para o navio.


Registre-se: Cartagena é cidade pra voltar e curtir mais um pouco.

Aquela seria nossa última noite a bordo. O navio seguiria até Gênova. Vilma e Rose iriam até lá também. Mas nós desembarcaríamos em Valencia na manhã seguinte.

2. Valencia

Mais uma noite deslizando suavemente pelo Mediterrâneo e pronto, acordamos durante os trabalhos de manobra para atracar no porto de Valencia. 

   
Um rápido olhar pela janela da cabine já nos mostrou a cidade enorme que teríamos que desbravar. 

Cumpridos os trâmites de entrada no país, com direito à imigração ainda a bordo, desembarcamos no imenso porto, que tem até manga entre o navio e o terminal para a passagem dos viajantes. Recolhemos nossas malinhas na esteira e saímos para a fila do táxi. Tudo tal e qual um desembarque num aeroporto. 

Depois de percorrer grandes avenidas e ruas estreitas, o táxi nos deixou na frente do Hotel Petit Palace Bristol, para o qual já tínhamos nossa reserva.

Tony e Cecília, autores dos guias Espanha Total e do blog Passaporte BCN, já nos esperavam no lobby do hotel para as boas-vindas. Foi uma alegria vê-los pois, apesar de já nos conhecermos virtualmente, nunca havíamos nos encontrado.

Era cedo para o check in no hotel, de modo que fomos todos para a Horchatería de Santa Catalina, ali pertinho. E, entre horchatas, fartones e cafés, tivemos uma aula completa sobre Valencia. Imaginem, Tony e Cecília estavam na cidade exatamente para testar roteiros! Saímos de lá com um mapa coalhado de anotações. Ô sorte!

   
De volta ao hotel, recebemos as chaves do nosso quarto que, apesar de pequeno, era bem acolhedor. A enorme cama estava decorada com pétalas de rosas. Havia roupões e chinelos para as duas, o banheiro era bem pequeno e mal planejado, mas tinha ducha com porta de vidro (nenhuma saudade da cortininha xexelenta do navio!) e - luxo dos luxos - tínhamos uma enorme varanda externa com mesa e cadeiras. Precisava mais?

E não é que ainda haveria mais mimos! Pouco depois, batem à porta trazendo uma champanhe Cordoníu dentro de um balde de gelo, taças e chocolates Lindt. 

Maravilha esse pacote romântico do Petit Palais! A gente até esquece que as amenities são fraquinhas, que alguns móveis mereciam manutenção, que só tem tomada de um lado da cama e que o ar condicionado não é lá essas coisas... Mas o que não dá pra desculpar é o descaso na limpeza e arrumação do quarto, né?

Passamos três dias em Valencia cumprindo quase que totalmente o roteiro sugerido pelo Tony e pela Cecília. Deixamos uma ou outra coisinha pra fazer na próxima visita, já que fica sacramentado que Valencia passou a fazer parte da lista de cidades pra voltar.

Aí vai um resumo do que fizemos por lá:

🔶 Visitas


🔸Mercado Central
🔸Lonja de la Seda
🔸Estación del Norte
🔸Correos da Plaza del Ayuntamiento
🔸Mercado Colón
🔸Palau de la Generalitat Valenciana 

🔶 Igrejas


🔸Catedral, com pinturas de Goya e capela do Santo Graal. Dica do Espanha Total: depois das 17h30, a entrada é grátis.
🔸San Nicolás, lindíssima. Entrada grátis depois das 18h
🔸Santo Tomás Apóstol y San Felipe Neri
🔸Santa Catalina
🔸Capilla del Real Colégio Seminário de Corpus Christi

🔶 Restaurantes e bares


🔸Central Bar, dentro do Mercado Central
🔸Panadería Granier, na esquina de "casa", uma delicinha pro café da manhã e lanchinhos, com preços bem amigáveis
🔸Restaurante La Utielana, perto do hotel, com comida simples, boa e barata
🔸Orxata Daniel, dentro do Mercado Colón
🔸Restaurante Ca Teresa, em El Saler, para comer paella
🔸Café de Las Horas, onde tomamos uma deliciosa Água de Valencia
🔸Restaurante Geppetto, comida italiana bem boa, perto do hotel

🔶 Passeios 

🔸Ciudad de las Artes, com destaque para o l'Oceanogràfic, um aquário pra ninguém botar defeito. Não perca os golfinhos. Leve lanchinho, lá tudo é caro e sem graça.


🔸El Palmar e El Saler, com direito a lago e mar. Só faltou o passeio de barco, que não rolou por falta de quorum. Fiquem de olho no Espanha Total que eles vão contar tudinho sobre esse passeio a L'Albufera.
   

No mais, andamos pelas ruas fotografando lugares, torres, fachadas, luminárias e postando tudo nas redes sociais. Vejam lá.

Próximo destino, Madri. Viajaremos de trem rápido, no sábado à tarde. Vem com a gente!

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Eu disse pra vocês ficarem de olho no Espanha Total! Eles acabam de lançar o guia eletrônico Valencia em dois dias, com todas as dicas pra quem quer conhecer a cidade em dois ou mais dias.
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(Atualizado em 27 de julho de 2016)

terça-feira, março 29, 2016

A caminho da China - No reino de Mohammed VI

1. Casablanca


Estreamos em Casablanca barganhando com o motorista de táxi que nos levaria até a Medina, único local eleito por nós para passar algumas horas em terra naquele domingo pascal. Havíamos rejeitado o passe de ônibus oferecido pelo navio a US$22 por cabeça e quando fomos abordadas pelos taxistas no porto nos pediram €20 pela corrida. Conversa vai, conversa vem, fechamos em €10 e fomos escoltadas porto afora pelo tal motorista (que quase foi linchado pelos colegas) até chegar ao local onde estava estacionado seu veículo: um Mercedes! Chique, nós, né? Mas, vejam só o estado do carro:


O motorista fez de tudo para nos convencer a fazer um tour pela cidade, mas fomos firmes. Só nos interessava a Medina! Inconformado, ele nos deixou numa das portas do mercado. Andamos por uma medina sem graça, degradada, cujos produtos, em sua maior parte, eram xing-ling. Parece que a China chegou à Medina... em Casablanca, pelo menos.


Decepcionadas, saímos dos muros para procurar onde tomar um café. Escolhemos o bar de um hotel logo ali em frente e nos sentamos entre mesas e mesas frequentadas exclusivamente por homens. Era o tradicionalíssimo Café Excelsior. O Wi-Fi do lugar era ruim, mas o garçom foi muito simpático conosco, indicou onde comprar um chip marroquino para nossos celulares e um restaurante onde comer um típico couscous.

Com um chip da Méditel funcionando a contento, partimos para o Restaurant des Fleurs.


Almoçamos bem, tomamos o tradicional chá de menta e voltamos ao navio num outro Mercedes em estado semelhante ao primeiro, pagando US$10.  A economia total com transporte pagou nosso almoço com folga!



Com essas e mais aquelas, chegamos cedo ao navio, que só partiria às 21h. 

Nosso plano era ficar a bordo aproveitando a paisagem, a temperatura amena e os GB adquiridos da Méditel. Mas, qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que a carga do nosso chip era de apenas 500MB! Nem bem começamos nossas tarefas internáuticas, recebemos o alerta de que, para continuar, precisávamos fazer uma nova recarga...  E como fazer isso? 

Tivemos que voltar à cidade. Dessa vez fomos a pé até a Gare de Casa-Port - a estação ferroviária - que ficava logo na saída do porto. Bonita e moderna. E ainda havia lá uma loja da nossa operadora Méditel!

Foram apenas 4km, ida e volta. Mas pudemos conhecer mais um ponto da cidade. 

À noite, com vento frio e muito balanço, o Armonia partiu de Casablanca com destino a Tânger.

(Aos que ficaram curiosos com a performance dos coelhinhos marroquinos, informo que, por absoluta falta de jardins, eles não puderam esconder os ovinhos a que tínhamos direito nessa Páscoa.)

2. Tânger 


Quando acordamos na segunda-feira, um belo dia azul nos esperava fora do navio.

Ali, caminha-se bastante pelo porto até chegar à saída onde estão os táxis. 


Negociamos com o taxista e conseguimos um pequeno desconto na tarifa inicial: dos €10 pedidos, pagamos €8. Embarcamos num Mercedes em estado quase tão precário quanto os de Casablanca e fomos deixadas na entrada da Medina .

Ana e eu já conhecíamos Tânger de outros carnavais e tínhamos boas lembranças da cidade. 

Andamos por tudo ali, apreciando cada recanto com muito mais entusiasmo.   

     

Essa sim era uma Medina interessante e típica. Se bem que não temos tanto conhecimento no assunto. Além dessa, só conhecemos a de Tetouan e a de Casablanca.   

 
    
Fizemos algumas compras, pechinchamos, fotografamos, fomos a uma farmácia, tomamos café num bar de hotel (eles sempre nos parecem mais hospitaleiros que os bares comuns...), recarregamos mais uma vez nosso Méditel que já havia mandado mais um alerta de recarga, e saímos da Medina com a intenção de tomar uma cerveja na praça antes de voltar para o navio. 

   
Doce ilusão! Distraídas, ou ignorantes, não nos demos conta de que os muçulmanos  não tomam, nem vendem, bebidas alcoólicas. O garçom de um bar mequetrefe nos informou da proibição e nos ofereceu chá de menta em lugar de cerveja... Chegamos até a aceitar, mas diante da demora para servir o chá e da precariedade do lugar, nos levantamos e partimos sob os gritos do garçom.

Vilma tinha visto que no bar do hotel onde tomáramos café serviam cerveja. Decidimos voltar até lá. Mas acabamos entrando por outro caminho. Perguntamos a um jovem comerciante onde poderíamos tomar a bebida proibida. Não sem antes avisar que cerveja faz mal à saúde, ele nos indicou o lindíssimo Restaurant Hamadi

Ali, sim, tomamos algumas garrafinhas de Flag, a cerveja local, acompanhada de uma porção de kafta e música típica ao vivo.


Foi um passeio e tanto. Voltamos para o navio num outro táxi Mercedes, cujo simpático motorista nos cobrou €5 pela corrida e fez um caminho quase turístico para chegar ao porto.

Que fique registrado em ata, mais uma vez: Casablanca é cidade do tipo "viu tá visto", mas Tanger é cidade para voltar, e voltar e voltar...


3. Estreito de Gibraltar

  
A partida de Tânger – e de Marrocos, a terra onde reina Mohammed VI – aconteceu no meio da tarde ensolarada. 

Muita gente saiu às áreas externas do navio para acompanhar a navegação pelo Estreito de Gibraltar, com terras marroquinas de um lado e europeias do outro.

   
Quase no final do estreito, Ana fez essa foto  panorâmica:


Aí estão as duas elevações que compõem as mitológicas Colunas de Hércules: à esquerda, o rochedo que dá nome ao Estreito e à direita, a cidade de Ceuta e as Montanha Atlas.

E foi assim que deixamos as águas agitadas do Atlântico para navegar calmamente pelo Mediterrâneo.

Nessa noite, adiantaríamos mais uma hora nos nossos relógios. 

(A título de informação: a Méditel cumpriu seu papel até quase o final da trajetória, permitindo que postássemos muitas fotos nessa tarde.)

domingo, março 27, 2016

A caminho da China – Do outro lado do Atlântico

    

Naquele que seria o último dia de navegação antes da chegada a Las Palmas – nosso primeiro destino do outro lado do Atlântico – recebemos a confirmação de uma notícia já esperada: devido às condições climáticas adversas e ao tempo despendido na parada emergencial em Fernando de Noronha, viajávamos com algum atraso e não aportaríamos em Gran Canária às 13h, como previsto, mas às 19h.

Nosso tempo de permanência na ilha não seria alterado: 5 horas. Teríamos, assim, um “Las Palmas by night”.

     
  
Ainda havia luz do dia quando lançamos âncora no simpático porto de Las Palmas. Nos chamaram a atenção as instalações novas, o entorno urbanizado e... um shopping a poucos passos da plataforma de desembarque. Perfeito para a primeira providência que pensávamos tomar em terra: comprar um chip espanhol com acesso generoso à internet. 

Bem, parece que a ideia não era exclusividade nossa. Metade da população do navio fazia fila na única loja do ramo. Mas... todos foram se dispersando diante da notícia de que era necessário apresentar o passaporte original para fazer a ativação do chip. Não, servia cópia em papel ou eletrônica. E os passaportes estavam presos no navio...

Passamos para a segunda prioridade: conhecer um pouco da cidade – e até tentar comprar um chip por lá. Um simpático motorista de táxi nos deixou no coração da cidade, entre a catedral e a Calle Triana, a rua do comércio e das belas construções com varandas artísticas.

   
Já era noite, véspera de feriado, e pouquíssimas lojas ainda estavam abertas. Nada de chip, pois. 

Andamos por ali com os olhos abertos e as lentes a postos. A cidade é encantadora!  E no céu brilhava a lua cheia.

Numa mesa do simpático bar El Atracón, comemos, bebemos e usamos o poderoso Wi-Fi grátis do estabelecimento para atualizar tudo o que pudemos em nossas vidas internáuticas.

Fomos até a Catedral de Santa Ana que, por sorte, ainda estava aberta. Era quinta-feira santa.

     

O interior da igreja é ao mesmo tempo simples e majestoso. Lindo o efeito da decoração do teto captado pelas lentes de Ana. Olhaí:

     
    
Voltamos felizes para o Armonia, a tempo de usar um pouquinho do claudicante sinal de internet fornecido pelo porto.

Ida e volta de táxi nos custaram €12. 

O trajeto entre Gran Canária e Lanzarote, apesar de curto, foi bem agitado. Balançamos pra valer!

Amanhecemos em Arrecife, na sexta-feira santa. 

Um simples olhar para o Muelle de los Mármoles, enquanto atracávamos, nos deu a certeza da diferença entre Las Palmas e a cidade onde passaríamos aquele dia. O entorno do porto era um sem-fim de pedras escuras, vulcânicas, e a cidade, ao longe, parecia bem acanhada.

Primeira providência, antes de desembarcar, resgatar nossos passaportes. Deu um trabalhinho, mas conseguimos.

No navio, vendiam-se tickets de ônibus para o centro da cidade: US$10,90 ida e volta. Achamos caro e decidimos sair e pegar um dos muitos táxis que já tínhamos visto em terra, esperando pelos turistas. Quando Rose foi perguntar sobre o táxi, lhe disseram que mais adiante, no posto de informações turísticas, havia um ônibus grátis para o centro. Yes

    
O ônibus nos deixou num centro comercial ao lado da marina. De lá, caminhamos uns 10 minutos, passando pelo Charco San Ginés, pela orla, pelo Castillo San Gabriel e já estávamos na rua principal, em busca do tal chip pro celular. 

Achamos! 1,5 GB de internet + 60 minutos de voz, inclusive para a América do Sul, por €15, da Orange, válido por 15 dias. Ufa! Seguimos, poderosas e conectadas!
  
O centro de Arrecife é simples, nada de prédios altos ou casas que chamem a atenção, mas cumpriu seu papel. Andamos pelo comércio. Compramos blusinhas na Zara. Tomamos vinho no Museo del Vino e fomos até o Castillo San Gabriel, que só podia ser visto por fora.

     
   
   

Vilma e Rose cansaram e decidiram voltar pro navio de táxi. Pagaram €10, preço tabelado. Olha só, se tivéssemos caído no conto do ticket do navio, teríamos gastado US$43,60. 


Ana e eu ficamos um pouco mais em terra. Caminhamos pela orla, fomos até o Charco San Ginés e comemos croquetas e tortilla no Leito de Proa, um boteco à beira do charco.


Voltamos à marina, tomamos café no Cappuccino e aproveitamos o Wi-Fi do lugar. Afinal, qualquer economia de GB era bem-vinda, né? 

Mal chegamos ao local de saída do ônibus para o porto, já havia um bumba pronto pra partir. Delícia, condução grátis e frequente!

Que fique registrado em ata: Las Palmas é lugar pra voltar. Arrecife entra pra categoria "viu tá visto". 

                  
Partimos no início da noite para transpor mais um fuso horário e navegar até Casablanca, onde só chegaríamos na manhã do domingo de Páscoa.

Sábado foi dia de navegação. Dia frio, impróprio para atividades ao ar livre, não obstante o vento um pouco mais fraco que nos dias anteriores. Resultado: toda a população se esparramou pelos espaços internos do navio. Difícil achar um cantinho silencioso.

Para a noite, foi programada uma vigília pascal, com direito a missa, no teatro do navio. 

Declinamos! Queríamos chegar dispostas para percorrer os jardins de Casablanca em busca dos ovinhos que os coelhos marroquinos teriam escondido para nós.