quinta-feira, novembro 05, 2015

ROUBADAS EM SANTIAGO - Parte final

Da janela do metrô, rumo à Concha y Toro
Foto: Ana Oliveira

Depois de ler os posts anteriores (parte 1 / parte 2) e saber dos perrengues que encontramos pelo caminho, vocês já devem estar morrendo de pena de nós e achando que nossa viagem foi uma grande roubada, mesmo. Agradecemos os abraços virtuais, as palavras de solidariedade, a preocupação etc, mas... calma, gente, nossa viagem teve também bons momentos como vocês viram nos episódios anteriores e verão adiante.

Olhaí!

Andando pelo nosso bairro boêmio, a Bellavista, fizemos uma bela descoberta: um restaurante de comida ancestral com uma cara super boa. Jantamos lá na nossa última noite e amamos cada prato, cada cheiro, cada surpresa. Foi o ponto alto da nossa viagem. Gostamos tanto que decidimos dedicar um post inteirinho a ele, depois que terminarmos de contar nossas venturas, aventuras e desventuras pela cidade.

Na sexta-feira, nosso último dia de viagem, teríamos um dia cheio. Cedo, arrumação de mala e check out no Tinto. À tarde, visita à vinícola Concha y Toro. À noite, mudança para o Hotel Diego de Almagro Aeropuerto, para facilitar a viagem de volta que seria bem cedinho no sábado.

Foto: Ana Oliveira

Pela manhã, ainda demos um pulinho em La Chascona, a casa que Pablo Neruda construiu em Santiago para seus encontros com a amada Matilde. Pensávamos em tomar um café e curtir um pouco aquele espaço já conhecido de outras viagens, mas... demos com os burros n’água: já não existe o café na casa do poeta.

No check out, num gesto de simpatia, o hotel nos ofereceu um desconto que não chegou a 10% no total das diárias. Gostamos, claro, mas foi pouca recompensa pra tantos perrengues, né gente?

E partimos para a Concha y Toro, deixando a mala no hotel. Fomos de metrô, seguindo a receitinha do Riq Freire. Aqui mais uma quase-mini-roubada: chegando à estação Mercedes, havia a opção de seguir em táxi ou ônibus. Escolhemos o táxi. No ponto à saída do metrô, alguns taxistas conversavam sobre uma possível greve e nem se abalaram para nos atender. Tentamos um táxi que estava no estacionamento do shopping ali do lado, e o motorista propôs cobrar 5.000 pesos por pessoa. Que isso? Sabíamos que o preço total da corrida era aproximadamente 3.000 pesos! Chegamos ainda a abordar um taxista que vimos parado na rua, mas ele nos disse que não podia ir até a vinícola pois somente os táxis de teto amarelo tinham permissão para tal... Anote aí, quando quiser ir à Concha y Toro, procure por um táxi de teto amarelo!

Um vendedor de rua, nos vendo com cara de turistas perdidas, nos indicou o ponto do ônibus. Fomos e voltamos com o 73 e foi bem tranquilo, apesar do esquecimento do motorista da ida, que nos deixou um ponto adiante do local.

La Casona, na Concha y Toro
Foto: Ana Oliveira

Almoçamos na vinícola e fizemos a visita tradicional. A guia era simpática e falava um espanhol fácil de entender. Degustamos três vinhos e saímos com nossas taças de brinde.

Ana no Jardín de Variedades da Concha y Toro

Ônibus, metrô e chegamos à Estação Baquedano que, naquele fim de tarde de sexta-feira, estava agitadíssima. Na rua, continuava o furdunço. Para chegar ao nosso destino, o hotel Tinto, onde nossa mala nos esperava, tínhamos que atravessar quatro grandes avenidas e mais a ponte sobre o Rio Mapocho, disputando espaço com os estudantes das duas faculdades do pedaço e mais toda a gente que circulava por ali. Foi então que aconteceu a grande roubada: abriram nossas mochilas e levaram minha carteira com dólares, reais e alguns documentos. Típico!

A mochila da Ana também foi aberta, mas como não tinha nada de valioso à vista, nada foi levado. Já eu, distraidamente, havia deixado a carteira de "coisas que não vou usar mais até a volta" em lugar fácil para qualquer mão-leve. E que leve!

O dinheiro que estava ali não era tanto, os documentos não eram os mais importantes – e já foram repostos – de forma que a vida continua e a viagem também.

Voltamos ao Tinto, resgatamos nossa mala, recusamos a oferta da recepção para um carro que nos levaria até o aeroporto pelo valor fixo de 25.000 pesos e saímos, acompanhadas de um funcionário do hotel, em busca de um táxi normal.

Nem foi tão difícil, levando em consideração o dia e horário. Logo estávamos a caminho do Hotel Diego de Almagro. O motorista iniciou o caminho anunciando que ia pela Autopista Vespucio, mas depois mudou de ideia e disse que, naquele horário, seria mais fácil ir pela Alameda. Para isso, voltou um bom pedaço do caminho já feito e pegou belos congestionamentos. Desconfiada, comentei que estava estranhando o caminho e disse que já havia sido roubada naquele dia e não queria que a coisa se repetisse. Ele garantiu que o caminho era  o melhor e se interessou muito em saber sobre o roubo. Contamos e ele se mostrou pesaroso, comentou o quanto ele achava isso prejudicial para a imagem da cidade e coisa e tal.

Com essas e mais aquelas, chegamos ao hotel com o taxímetro marcando quase 18.000. Ele tinha razão, o caminho não foi ruim. Descemos do carro na rua, pois, segundo o motorista, os táxis não tinham permissão de entrar no espaço do hotel. Ele nos desejou boa viagem de volta ao Brasil e, mais uma vez, se desculpou pelo que seus conterrâneos haviam feito conosco.

Na recepção fomos muito bem atendidas. O Diego de Almagro se mostrou uma ótima alternativa pra quem precisa dormir perto do aeroporto e não quer pagar a fortuna que o Holiday Inn  – a dois passos do terminal –  está cobrando. Restaurante aberto até as 23h, café da manhã a partir das 4 da manhã e van para o aeroporto de meia em meia hora ininterruptamente. Quarto bom, que só perde ponto pela cortina de plástico do box. Recomendamos!

Para encerrar o dia, tomamos um lanche no restaurante do hotel e pensamos em pagá-lo com os últimos pesos que nos restavam. Abri a carteira de pesos e... foi aí que nos demos conta do golpe de mestre: o taxista tinha usado aquela velha artimanha. Na chegada, enquanto Ana tirava a mala do banco da frente, eu pagava a corrida dando duas notas de 10.000 pesos. O taxímetro marcava 18.000, lembram? Pois o indivíduo me disse que faltava dinheiro e me mostrou as notas que eu teria dado a ele: uma de 10 mil e outra de mil. Faltavam, portanto, sete mil pesos.

Caí como a mais ingênua das turistas.

Paguei!

E lá se foram 27.000 pesos para um sujeito que ainda debochou de nós pedindo desculpas pelo que seus compatriotas fizeram conosco.

Foi assim...

Fiquei muito mais aborrecida com o caso do taxista malandro do que com o ladrãozinho de rua.

Chorem conosco e voltem logo mais pra saber como foi o nosso jantar especial na Bellavista.

Ah, se a gente volta a Santiago? Sim, um dia... quando passar a indignação.

**********

E sabem que mais? Eu já havia sido roubada em Santiago no século passado. Levaram minha bolsa de dentro de um restaurante na Providência. Ou seja, já sou freguesa.

2 comentários:

  1. Putz Carmem

    Cada vez mais chego a conclusão que taxista é taxista no mundo inteiro.

    Também tive um perrengue com Táxi em Santiago, mas mandei a Juliana descer do Táxi e fiquei batendo boca com o motorista, eu vi na hora que paramos que ele havia apertado um botão no taxímetro e adicionado mais um zero na conta.
    Fico triste que numa das cidades mais civilizadas da América Latina este seja um fato corriqueiro.
    Beijão, mas vida segue e continuamos as nossas andanças pelo mundo.
    @GusBelli

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    Respostas

    1. Triste, mesmo, Gustavo. É tão desagradável ter que estar alerta a cada passo, né?
      Mas, claro, seguimos desbravando o mundo. É a nossa missão! ;-)
      Beijo nosso.

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