sábado, outubro 31, 2015

ROUBADAS EM SANTIAGO - Parte 1

A gente devia ter percebido os sinais: aquela turbulência toda a que fomos submetidas logo antes do pouso em Santiago só podia ser um alerta.

Começou já no aeroporto:

Instruidíssimas pelas informações fresquinhas do Ricardo Freire, sabíamos que o preço do táxi entre o aeroporto e o centro da cidade era 15.000 pesos. Mas não é que o atendente do guichê do Táxi Oficial nos pediu 20.000 pela corrida? Contestamos e ele nos veio com a proposta de pagar a corrida pelo taxímetro. Uma loteria! Mas, como a gente é chegada num jogo de azar, topamos. E ganhamos! A corrida até o Tinto Boutique Hotel, na Recoleta, incluindo os pedágios, ficou em 16.000 pesos chilenos.

Fica a dica: diga que quer pagar pelo taxímetro e o atendente te dará um boleto como esse. E... boa sorte!


Quando descemos do táxi na frente do hotel, o motorista, simpático, comentou a localização dizendo que estávamos no meio da festa. Mais um sinal que deixamos passar!

Escolhemos o hotel por exclusão. Na verdade, queríamos nos hospedar no The Aubrey, nosso queridinho da última viagem à capital chilena, mas não conseguimos reserva lá. Daí vimos o Tinto com localização semelhante, mesma faixa de preço, algumas boas avaliações, restaurante badaladinho... reservamos.

Mal entramos, fomos encaminhadas para o nosso quarto mais rapidamente do que desejaríamos: nenhuma instrução sobre horários, locais ou qualquer outra coisa.

O quarto era no térreo, a dois passos da recepção. Espaçoso, com uma parede envidraçada com vista para a piscina, mas fazia frio e chovia um pouquinho... 

Tínhamos uma porta – única abertura na parede de vidro – que dava acesso à área externa comum a outros hóspedes. Assim, nossas opções para respirar eram ar condicionado ou porta aberta.

Tínhamos uma cama confortável com bons lençóis, toalhas pequenas mas de boa qualidade e duas garrafinhas de água mineral italiana que eram cortesia (mas que não se renovaram nos outros dias). Tudo normal, né gente, afinal, estávamos num hotel boutique (?) com diárias custando mais de 150 dólares!

Saímos para um almoço tardio no já conhecido e aprovado Galindo e fomos dar uma volta no GAM - Centro Cultural Gabriela Mistral e no bairro Lastarria. A chuva nos pegou no caminho de volta. Paramos no Wonderful Café até que a chuva desse uma trégua. Ainda assim, chegamos de volta ao hotel debaixo de chuva.

Nossa reserva, feita pelo Booking, nos prometia um drink de boas-vindas. Como não houve menção a isso no apressado check in, chamamos a recepção para saber como obter o mimo. Se ofereceram para trazer duas taças de vinho no quarto. Insistimos em tomar o vinho em algum outro ambiente, um bar, talvez. Não, só poderia ser mesmo no quarto! Depois entendemos: o hotel não tinha um bar!!! (Uai, mas não era um hotel temático, dedicado a aproximar o hóspede da cultura vitivinícola chilena?)

Foi naquela noite que as surpresas começaram: no tapete ao lado da cama, um enorme pedaço de unha; no banheiro, descarga que não funcionava bem.


Dormimos com algum barulho, mas relevamos, afinal estávamos em plena Bellavista, bairro boêmio e ruidoso. "No meio da festa", como dissera o motorista do táxi.

Nosso primeiro café da manhã no Tinto foi meio decepcionante: poucos itens, servidos diretamente na mesa, sem oportunidade de escolha. Tudo de boa qualidade, é verdade, com café expresso, servido num acanhado espaço no subsolo.

Aproveitamos a manhã sem chuva para caminhar pela Providência, trocar dinheiro seguindo as indicações superatualizadas do Riq Freire e ver Santiago do alto da novíssima torre Sky Costanera. O dia estava nublado, mas ainda assim o passeio valeu a pena.

Foto: Ana Oliveira

À tarde, voltamos ao GAM para um encontro com nosso amigo Chico Guedes, que também estava passeando por Santiago. Com ele fomos ao Chipe Libre - República Independiente del Pisco, no Lastarria. Foi um fim de tarde delicioso, com pisco, conversa e barulho de água da fonte que enfeita o salão dos fundos do bar.


Nesse final de tarde, mais uma surpresinha desagradável no hotel: a água do banho não passava de morna, mesmo com a torneira de água fria totalmente fechada.

Para a noite, tínhamos uma reserva no Bocanáriz. Escolhemos o menu completo com jantar e degustação de vinhos e não nos arrependemos. Tudo bem gostoso, num ambiente agradável e movimentadíssimo.

Os preços? Bem, achamos tudo bem caro nessa viagem: comida, passeios, transportes. Primeira vez que voltamos de uma viagem sem nenhuma comprinha.

Alegrinhas com os vinhos do jantar, chegamos ao hotel cansadas. O que nos esperava ali era, sim, uma das maiores roubadas da viagem: o restaurante do hotel estava sendo reinaugurado e funcionava bem debaixo da nossa porta/janela, aquela que dava para a piscina. No mesmo espaço sem graça onde serviam o café da manhã.

Os convidados para o jantar conversaram alegres e ruidosos até mais de duas horas da manhã e depois saíram entusiasmados passando pela recepção do hotel, quase na frente do nosso quarto. Só alegria, dá pra imaginar?

Foi uma longa noite! Depois que saíram os convivas, ainda ouvíamos a música que alegrava o recepcionista da noite, ali do nosso lado.

Como não conseguíamos dormir, pegamos nossos eletrônicos para procurar um outro hotel para as duas noites que ainda teríamos por ali. Vimos no Booking que o The Aubrey tinha disponibilidade, bem como alguns outros na região, entre a Bellavista e o Lastarria.

Não fizemos reservas, pensamos em ir diretamente aos hotéis na manhã seguinte.

*********
(Aguardem novas roubadas nos próximos capítulos!)

domingo, outubro 04, 2015

Pousada da Alcobaça

De alguns anos pra cá, Ana e eu trocamos a tradição das festas de aniversário por viagens. E já que se tratam de viagens/festa, temos escolhido e reservado lugares bacanudos pra passar os 15 de setembro e os 1º de outubro desde então.
Já estivemos, por ordem cronológica, na Casa Turquesa (Parati), no Copacabana Palace, no Alvear (Buenos Aires), no Casas Brancas (Búzios), no Fasano (Rio) e na Pousada da Alcobaça (Petrópolis).
Gostamos mais de uns que de outros, claro! 
O hotel de cada uma das escapadas é escolhido e reservado pela aniversariante da vez. Assim, no último 1º de outubro, Ana preparou uma estadia na Pousada da Alcobaça, que, como os anteriores, era, para nós, um objeto de desejo.



A reserva foi feita por uma troca de e-mails e depósito antecipado de metade do valor das diárias.
A pedido da Ana, a pousada indicou contatos de taxistas que poderiam fazer o translado aeroporto/ pousada/aeroporto.
Tudo acertado, partimos de GRU para GIG um dia antes do aniversário. O taxista contratado teve um problema pessoal e enviou um substituto para nos apanhar no aeroporto. E assim, chegamos à pousada sem stress.
Nosso quarto -- o Alcobaça -- não tinha o charme esperado, mas tinha uma inesperada paisagem florida e perfumada, que ficava mais próxima quando vista e sentida da varandinha. Sim, nós tínhamos uma varanda com duas simpáticas cadeiras, com vista para duas montanhas: Alcobaça e Alcobacinha. Duas também eram as poltroninhas do espaço reservado à TV e as cadeiras que contornavam nossa pequena mesa. E mais uma cama com bons lençóis, um espelho grande, um armário com cabides desparelhados, abajures.  Chão de tacos precisando de um cuidado. Móveis com um ar já meio cansado. Ar condicionado e aquecedor. Tudo simples, quase monástico.
Também o banheiro era completinho, com box fechado com porta de vidro e amenities da Natura. Mas tão pequeno! Pequenas também eram as toalhas branquinhas, trocadas diariamente.


Nossa varanda lá em cima
Foto: Ana Oliveira

Bebidas geladas no quarto? Não! Nas áreas comuns dos dois andares da pousada, há um frigobar coletivo, onde o hóspede pode pegar bebidas e anotar o que consumiu.
Eu não daria nota dez para a limpeza, mas não posso dizer que encontrei problemas cabeludos nesse item.
Confesso que, ciente do preço das diárias, eu esperava, sim, um pouco mais de glamour!
Incluídos na diária, apenas as acomodações e o café da manhã. Aliás, um belo desjejum, com poucos itens mas de qualidade. No primeiro dia, esqueceram de nos oferecer suco de fruta, mas tivemos deliciosas torradas Petrópolis acompanhadas de queijo derretido quentinho. Nos outros dias, completamos a esbórnia matinal com deliciosas panquequinhas.
As refeições eram pagas à parte e seu preço permaneceu quase secreto até o momento do check out. Sim, há um cardápio com o preço de alguns pratos, mas a cada dia nos ofereciam a opção de um irrecusável prato do dia cujo valor não se encontrava na carta. Não houve surpresa, entretanto, na hora de pagar as refeições. Preços normais de bons restaurantes.
A riqueza da Alcobaça está mesmo na parte externa: os jardins!
Para dar uma ideia, nosso primeiro ímpeto foi compará-los aos jardins de Monet. Verdade, a variedade de cores e perfumes faria inveja ao impressionista francês.



E Dona Laura, a proprietária do lugar, traz para dentro do casarão caprichados arranjos com flores dos jardins. Uma delicadeza!
A pousada fica no bairro petropolitano de Corrêas, a poucos passos do centrinho local, que é bem carente de atrativos. Além do Santuário do Amor Divino, nada mais ali nos interessou.
Da igreja fomos direto para o centro histórico de Petrópolis, a uns 10 km e 45 reais de táxi dali.
Assim, nossa dica é, se você não se importar de dirigir do aeroporto até Corrêas e vice-versa, pela sinuosa e movimentada Rodovia Washington Luís (trecho da BR 040 entre Rio e Petrópolis), alugue um carro. Você vai aproveitar bem mais a sua estada por aquela região.
Agora, se você, como nós, tiver a intenção de ficar curtindo a paisagem, a comida, o bar, a videoteca, a tranquilidade, a confortável sala de leitura, os jardins, a piscinona e a sauna da Alcobaça, vá de táxi e deixe a vida correr.

Foto: Monica Beltrame