quinta-feira, março 22, 2007

Coração louco de veludo verde

Coração louco de veludo verde... era assim que Renatinho se referia a si mesmo.
Figura ímpar. Durante seus quase 65 anos de vida alegrou corações de amigos e amores com suas mais de 10.000 cartas. Os envelopes, ele mesmo os confeccionava. Os textos: literatura... como dizia ele.
Dentre as quase 500 cartas que me couberam, transcrevo uma. Não é a primeira, nem a última. Nem a mais curta, nem a mais longa. Nem a que mais gosto, nem a que me fez chorar ou rir. É, apenas, a que escolhi hoje:

É bom projetar nos caminhos da volta os trajetos descontínuos de uma busca. E, de repente, na meio da estrada, olhar através da janela e surpreender a natureza na neblina dos morros. Podia ser simplesmente assim, mas é preciso também ensaiar a vida. Sentar na platéia vazia de um teatro e ver a magia do ator ser preparada para a celebração com o público. É um grande encontro este, da solidão com o silêncio da espera. (outubro/1990)

Em junho de 87, quando morreu Fred Astaire, 40 dias depois de Rita Hayworth, Renatinho escreveu para nosso amigo Claudio:

Ontem foi Rita,
Hoje, Fred Astaire,
Um dia também iremos para o mar
Sem destino,
Para onde o vento nos levar

2007, 20 de março, Renatinho foi para o mar. Que os bons ventos o levem!

Um comentário:

  1. Que pena que não conheci Renatinho!! quem sabe nos mares adiante!!! umbejãodojãoprorenatinho

    ResponderExcluir