terça-feira, fevereiro 06, 2007

Navegando pelo Amazonas

O convés superior do 11 de Maio virou um mar de redes e bagagens. Quem chegou primeiro teve a sorte de armar sua rede fora do espaço reservado para as refeições. Esses sortudos podiam ficar tranqüilos dia e noite balançando suas redes acima de suas bagagens. Outros, que chegaram mais tarde, montaram acampamento debaixo das mesas suspensas onde se serviam as três refeições diárias. Para eles, 15 minutos antes de cada refeição soava um apito. Era hora de suspender as redes e afastar a bagagem: as mesas seriam baixadas, por mais ou menos duas horas eles seriam os sem rede.
No convés inferior, junto com a carga - papel higiênico, vasilhame de cerveja, mudanças inteiras, moto, bicicleta, cadeira de rodas, etc. - viajava mais uma turma de redeiros. Ali havia menos redes, um pouco mais de espaço entre elas, estrado para a bagagem e... muito mais calor e barulho dos motores do barco.
No dia seguinte, o mar de redes do convés apareceu pontuado de toalhas de banho, algumas bolsas menores e até uma cabeça de arara seca.
Foto: Ana Oliveira
Para passar o tempo, valia tudo: tirar a sobrancelha usando um CD como espelho, fazer as unhas, ler, ouvir as músicas que os mais diversos aparelhos individuais reproduziam, dormir, fazer artesanato, beber e jogar conversa fora no terceiro deck onde havia um bar com música de gosto duvidoso durante o dia todo e boa parte da noite. Enfim, cada um usava o tempo ao seu bel-prazer. Ana fotografava, fotografava, fotografava... De minha parte, rascunhei os últimos posts desse blog, registrando o que estava vivendo neses dias.
Foto: Ana Oliveira
19 horas depois de nossa partida, avistamos Parintins: a primeira parada. Era hora do almoço. Mais gente e mais carga!
Por volta de 16h30, atracamos em Juruti, já em terras paraenses, debaixo de nossa primeira chuva à bordo. Foi a hora do corre-corre dos sem rede, pois eles eram também sem estrado, o que os obrigava a correr para salvar sua bagagem da água de chuva que escorria pelo chão do barco.
Mais 3 horas e estávamos avistando Óbidos sob uma belíssima lua cheia refletida no Amazonas.

Foto: Ana Oliveira

A primeira parada foi no Posto Policial para verificação dos passaportes dos passageiros estrangeiros. Eram mais de 20. Depois, a polícia subiu ao barco para vistoriar camarotes e bagagens. Liberados, seguimos para o porto de Óbidos. Gente embarcando e desembarcando. Toda a carga de papel higiênico que o 11 de Maio carregava ficou num estrado daquele porto.
Assim que zarpamos de Óbidos, nos recolhemos para nossa última noite sobre o Amazonas, nessa etapa da viagem. Enquanto dormíamos, o barco entraria pelo Rio Tapajós e despertaríamos já em Santarém, nosso primeiro destino.

3 comentários:

  1. que aventura!!!! só fiquei com pena do que sobrou da arara..ó coitada...tô me divertindo...

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  2. PS: não posso deixar de comentar sobre o charme de Charlote... é a própria Iara!!! cuidado com ela, vcs sabem a fama do boto né?!!!

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  3. De tanta coisa que me parece tão longe (estando tão perto), que lua linda...

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