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Atualizado em 20/10/2014
De uns tempos pra cá, venho pensando em mostrar aos amigos - novos e antigos - como é minha vida. O que faço, aonde vou, o que vejo, o que penso. De Chico César - meu ídolo maior - emprestei o nome desse blog.
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Lembro ainda de alguns natais da infância, quando recebíamos os presentes que o "Papai Noel" deixava junto a nossos sapatinhos no corredor de entrada da casa de minha avó. Eram sempre coisas de que íamos precisar para o ano vindouro: uma sandália, um vestido, um ou outro brinquedo... Depois vinham os presentes das pessoas: Junia e Zilda nunca falhavam.
Havia também o presépio montado pelos presidiários, com trenzinho e tudo... Fui vê-lo uma ou outra vez, levada por meu pai.
Mais tarde, passei a cantar no coral de Natal na igreja. Eram dias e dias de ensaios e depois cantávamos na Missa do Galo. Bons tempos! O Natal não importava muito... Gostoso mesmo era o encontro com os amigos antes, durante e depois.
Veio depois a época de passar o Natal com amigos e suas respectivas famílias... Ou com amigos "avulsos".
De uns tempos pra cá, nem sei desde quando, tenho passado o Natal quietinha aqui em casa. As pessoas estranham, mas não me importo. Gosto muito!
Presente. Ganho alguns. Dou outros... Alguns por obrigação, outros por prazer.
Como a cada ano o comércio inicia os trabalhos natalinos mais cedo, tenho também procurado pensar nos presentes antes de que tudo fique entupido de gente comprando, comprando, comprando.
Cartões de natal. Houve um tempo em que os preparava manualmente, sempre procurando uma frase mais criativa do que o tradicional Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Começava a pensar e confeccionar já em novembro. Nos primeiros dias de dezembro já os colocava no correio, seguindo o mesmo princípio das compras: quanto antes melhor!
Nesse ano, mudei. Preparei, sim, uma mensagem. Mas enviei por e-mail. Pelo correio só foram algumas, poucas, para destinatários que ainda não aderiram às modernidades do mundo eletrônico.
Amigo secreto. No tempo do coral de natal participei de alguns bem interessantes, divertidos mesmo. Em 1999, com um grupo de amigas inventamos um amigo secreto eletrônico que foi bem criativo. Provocou descobertas, alegrias e brigas, mas terminou bem. Penso que alguém deveria inventar uma outra maneira de confraternização para os grandes grupos. Para o bem de todos e felicidade geral da nação... e dos que freqüentam bares e restaurantes no mês de dezembro.
Ah, já ia me esquecendo das luzinhas espalhadas pela cidade. Nos primeiros tempos achei bonitas. Saí pra fotografar... Agora já estou achando sem graça! Será que estou ficando velha e ranzinza?
Enfim, é Natal!
2007 vem aí... Oba! Gosto das festas de final/começo de ano.
Mas, segundo o mesmo Mário Prata, "não adianta. No ano que vem, tem outro Natal."
O show foi o mesmo que já tínhamos visto em Milão. Mas agora os dois cantavam pra nós aqui no Brasil.
Fomos ver duas vezes.
O registro está aí:
http://www.youtube.com/watch?v=MItUdHqAxQA
http://www.youtube.com/watch?v=PEFxu9R_rpA
http://www.youtube.com/watch?v=y9mcu-04XH8
http://www.youtube.com/watch?v=3l0-maBVc8I
Divirtam-se!
Ao longo desse tempo, fomos conhecendo um pouco mais do Tecnomacumba em shows e entrevistas da Ritinha.
E ficamos esperando o lançamento do trabalho em CD.
Aconteceu!
Nesse final de novembro, comecinho de dezembro, Tecnomacumba chegou às lojas num lançamento conjunto de Manaxica Produções e Biscoito Fino. Tá um luxo! Capa, encarte, tudo lindo!
Rita fez uma série de pocket shows mostrando o novo CD. Na primeira noite de dezembro, fomos à Fnac Paulista ver o que a moça do Maranhão tinha pra mostrar.
Foi bom demais!
Ritinha cantou muito, dançou pra valer no pequeno palco, passeou entre o público que lotava o espaço de eventos e o café da Fnac. Chegou até a emprestar o microfone para o barista:
Ô lua branca leruê
Ô lua branca leruá
Saímos de lá com uma rosa oferecida pela Rita, com nossos CDs autografados e encantadas com tudo o que rolou.
Foto? Tem sim! Feita por Ana Maria, claro! Afinal, depois de Emir Penna - o fotógrafo oficial -, Ana é a fotógrafa preferida da Ritinha.
O álbum, gente, se foi! Estava hospedado num tal de slide.com, que virou poeira virtual! Acontece... Peninha, né?
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Com essas palavras, Chico César respondeu à pergunta de um jornalista que o entrevistava para o Jornal "O Povo", de Fortaleza, no início de novembro.
A entrevista completa pode ser lida clicando no link: O Povo
Mostrando mais um pouco do seu talento, Chico escreveu para a Revista Globo Rural desse mês, uma bela crônica:
IDADE DO GELO
Caçula, com apenas um irmão homem(15 anos mais velho que eu) e com cinco irmãs mulheres, cresci mimado por elas, minha mãe, a tia tia solteira que morou toda a vida conosco, umas outras tantas tias e as primas sem contar a madrinha de batismo e algumas de fogueira, as vizinhas. Do colo de uma pro colo de outra. Estavam sempre me dando banho, às vezes esfregando-me os calcanhares com caco de telha ou as costas com sabugo de milho. O que era motivo de chororô. Mas tinha de estar limpinho e cheiroso, o bichinho, elas diziam. E aí me penteavam os longos cabelos cacheados com trim e até punham grampos, que chamavam frisos, e armavam uma rodilha que cobriam com um lenço estampado.
Era muito riquefife em torno do neto mais novo, que podia até ficar mofino como o carneiro enjeitado seu amigo ou mesmo amulherado. Meu avô, João Boágua, pai de minha mãe, então me levava em suas incursões pela vazante, onde agora estávamos, para ouvir seus longos silêncios ou os curtos comentários ditos como se pensasse alto ou falasse sozinho sobre os nós das macaxeiras, a doença das batatas ou uma querência por terras no sítio Boágua que lhe deu o nome que eu não herdei. Sem que nem mais levantou a vista em direção à estrada e divisou uns jipes verde-oliva e outros, cor de cáqui, descendo devagar a ladeira. "Seu irmão", ele disse. "Estão trazendo Luís pra casa. Vamos, vamos. Corre, menino, que soltaram ele". Quede vô? Ali mesmo largou o enxadeco e saiu correndo. Eu atrás.
O homem de gestos lentos amadurecidos pelo artesanato dos anos parece que ganhou asa nas sandálias currulepe. Slep slep slep slep. Os torões e a maniva, a cancela, eu fecho? Slep, a areia do corredor coberto pelas canafístulas, o terreiro de mãe Cristina, slep slep slep, o cachorro de madrinha Toinha, sai prá lá gozo nojento, slep, espera vô, slep slep, corre menino mole que Luís voltou, o altinho esburacado e escorregadio, slep. A casa de Eva à direita, a casa da tia Vitalina à esquerda, alugada. Dobramos à esquerda esbaforidos.Os jipes já estavam parados na estrada de terra em frente à casa de dona Lulu.
"Ligeiro, menina, uma de vocês aí e vai avisar seu pai no roçado", ordenou minha mãe, depois de abraçar meu irmão e dispensar os conselhos dos meganhas sobre os perigos do comunismo. Aí foi só festa. E haja chegar gente. Meu pai chegou. E radiola, discos, bebida de adulto. E guaraná, grapete, fanta. Gelo em baldes grandes, que não tínhamos geladeira nem eletricidade. Chegam sanfoneiro, zabumbeiro, ritmistas. Gente que batucava nos tamboretes de couro. E haja tocar Trio Nordestino, Elino Julião, Noca do Acordeon, Luiz Gonzaga, Marinês, Paulo Sérgio, The Fivers. E toca a fazer comida pra gentarada toda. Povo da cidade e dos sítios vizinhos.
Foi a primeira vez que vi gelo. Peguei duas pedras. Uma em cada mão e fiquei zanzando em meio à balbúrdia dos adultos. Aquela era mesmo uma sensação nova pra mim, ardia e aliviava ao mesmo tempo. Era pedra e eu bebia. Era água e eu, firme, segurava entre os dedos. Era quente e frio. Vez em quando encontrava o olhar de meu avô, também um pouco à parte, sentado num cepo, ralando fumo num canto com um canivete lá só dele. Me fitava cúmplice. Tínhamos conseguido correr da vazante até em casa. E eu também era um Boágua, mesmo mirrado e sem o nome. Um Boágua, daqueles pretos orgulhosos, do lugar Jenipapeiro.
Globo Rural- Novembro 2006 - pág. 114
Cálice, de Gilberto Gil e Chico Buarque, também foi uma das músicas selecionadas pelo mediador para nos mostrar. A interpretação que Chico dá a essa música está bem distante daquela que ouvimos nos anos 70. A música começa com um clima religioso, passa pelo rap e recebe até uma inserção sonora do disco Araçá azul, de Caetano Veloso.
E Chico nos conta como encara a responsabilidade de interpretar músicas alheias:
"Quando você é autor, quando você é compositor, dificilmente você pega uma música de outra pessoa e faz um quase-cover. (...) Nasce um pouco um sentimento como se fosse uma inveja positiva: Puxa, eu queria ter feito essa música! (...) Mas se eu tivesse feito essa música, eu faria diferente. (...) Isso é sempre presente na releitura que eu faço. A minha versão de Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, passa por aí. A minha versão de Alma não tem cor, do André Abujamra passa por aí também."
Mais adiante, respondendo a uma pergunta do público, Chico voltou ao assunto:
E por aí foi o rumo desse agradável encontro de 17 de outubro de 2006, na Fnac Pinheiros.
Ouça e veja o DVD todo, atenta e calmamente. Ele é lindo!
Uma dica: quando vir a parte do concerto, fique atento, depois dos créditos ainda há cenas interessantes. Não vá desligando rapidinho!
Show gravado no Auditório Ibirapuera, em abril de 2006. Incluindo a abertura lindíssima e o final descontraído com o passeio de Chico pelo parque, além da participação do Quinteto da Paraíba, Simone Soul, Simone Julian e Elba Ramalho.
Sobre esse concerto, escrevi longamente na época da gravação. (clique se quiser rever)
Participações de Vange Milliet, Ana Carolina, Chico Pinheiro e Maria Bethânia.
Precisa mais?
Clipe da música De uns tempos pra cá. Imperdível!
Um documentário com imagens dos shows, comentários de Chico e depoimentos dos amigos.
Agora conto: nessa parte, tenho um segundo de participação. É só um segundo, mesmo... Mas o que importa é que estou lá!
Aos poucos vou organizar os registros que fiz do encontro de ontem à noite e postar aqui.
Por hoje, vou deixando dois registros:
Essa homenagem ao Anjo Torto deve ser creditada a Chico César, autor da escultura que abre essa "conversa".
A pequena estátua foi feita usando tampas metálicas de copinhos de água mineral. Enquanto participava ativamente da mesa de debates Profissão músico: individualismo ou cooperativismo, Chico confeccionava a escultura.
No final do debate, pedi o "troféu". Ganhei.
Já veio com nome: Torquato Neto.
Quis conhecer um pouco mais Torquato. Encontrei muita informação. Gostei e reparto com outros curiosos as que mais me impressionaram:
http://www.revista.agulha.nom.br/castel19.html
Lembrei-me também que Chico fazia alguma referência a Torquato em uma de suas músicas. Ei-la:
Nato
(Chico César e Tata Fernandes)
um poeta nato
filho da ralé
um torquato neto
parte da turquia
para qualquer parte
parte o coração
e faz dos estilhaços arte
e faz das fibras de aço som
pois é
é de certa forma
o que faço
um punk inexato
rato de porão
uma inezita barroso
cantando luar do sertão
certamente é
a fé o felátio
o mel o melaço
o cangaço e o "om"
pois é
é de certa forma
o que faço
o ser tão vai vir amar
amar vai revirar o ser tao
Das novas, me lembro de uma que fala de futebol, de outra, tipo música caipira chamada Diga adonde, feita para uma obra teatral, e da bela parceria com Élio Camalle, Dia de estrelas, gravada parcialmente por Ana Maria:
Bom, quem quiser ver tudo isso e muito mais, ainda dá tempo. Kléber faz sua última apresentação dessa temporada no Crowne Plaza na quinta-feira 28 de setembro.