terça-feira, outubro 31, 2006

Balada Literária

Domingo, 22 de outubro.
Livraria da Vila.
Balada Literária.

Idealizador, Marcelino Freire
Mesa com José Miguel Wisnik e Chico César.
Mediador, Claudiney Ferreira.
Homenageado, Glauco Mattoso.
A primeira palavra foi dada a Chico César. E ele anunciou que ia "declamar" o poema Altazor, do poeta chileno Vicente Huidobro. Disse que tinha em mãos a versão original, em espanhol, mas que faria uma tradução simultânea.

"Ensaiou" com o público um refrão cheio de ais e uis:
  • Ai, aia, aia, ia, ia, aia, ui.
E, enquanto nós rezávamos esse mantra, ele fazia outros sons, desconexos.
Fiquei curiosa e procurei Altazor na net. É um longo poema...
E qual não foi a minha surpresa ao ver que lá pelo Canto IV e VII, há realmente algo parecido com o refrão que repetimos indefinidamente enquanto Chico fazia sua performance.
A escolha do poema foi uma homenagem a Maria Alzira Brum, antiga colega de trabalho dos tempos da Editora Abril, hoje amiga e editora, que estudou o Altazor em um trabalho acadêmico.
Alzira é também cúmplice de Marcelino Freire na realização da Balada Literária.
Wisnik falou sobre palíndromos - palavras, frases ou números que têm o mesmo sentido se lidas da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda.
Ele nos contou que sua filha, Mariana, e alguns colegas de escola se dedicam a escrevê-los e os trocam entre si.
Alguns palíndromos citados por Wisnik:
  • Lá vou eu em meu eu oval
  • Ô mãe, tu era réu, te amo
  • Ô padre, meu, que merda, pô
  • É de fato xoxota fede
Ao se referir a um palíndromo feito por Chico Buarque, Wisnik confundiu-se. Ana foi em seu socorro com o tal palíndromo na ponta da língua: até reagan sibarita tira bisnaga ereta.
E a manhã foi rolando, cheia de surpresas. Chico confessou que já quis fugir com uma mulher do circo, contou as circunstâncias de sua chegada a São Paulo e de seus primeiros tempos na paulicéia desvairada e até cantarolou uma parceria entre ele e Glauco:
Soneto Panorâmico
Meu quadro de São Paulo é o duma ilha
que quanto mais se atulha mais brilha.
q
É vasta e de longe se avista,
mas de perto tem a face
dupla, múltipla, mista.
q
Quem topa suar
tem campo à pampa,
pois Sampa trampa
do sol ao luar.
q
Na avenida Paulista
trombadinha quando nasce
contrasta com torres, contrista.
q
No centrão a janela faz pilha,
muralha ante a gentalha maltrapilha.
uuu
Fernanda, Ana e eu registramos os momentos em que Glauco Mattoso dizia dois de seus poemas. Está tudo no Youtube:
Registrei também a resposta de Chico a uma das perguntas feitas pelo público. A questão era: como viam a exposição decorrente do trabalho artístico.
Enquanto ele falava, passei a câmera por todo o público. Achei que ficou interessante.

Pra saber mais sobre a Balada Literária, clique aqui.

***
Atualizado em 02/12/2013

2 comentários:

  1. Adorei ver este video, Chico Cesar realmente é maravilhoso!!!

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  2. pena que perdi!

    incrivel... "conheci" o Vicente Huidobro não tem nem um mês... :)

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