domingo, março 07, 2010

Pontal do Coruripe

Fazendo faxina no HD encontrei esse texto, escrito em 2000. Conta a história de uma viagem feita nos anos 80. Achei interessante transcrevê-lo aqui. E quando voltar a São Paulo vou procurar fotos do episódio para ilustrar o post.

UUUUUUUU

Há uns quinze anos, saí por aí com uma amiga. Fomos a Penedo, em Sergipe, e de lá pretendíamos ir de ônibus para Pontal do Coruripe. Tínhamos lido uma reportagem sobre o local e nos pareceu ótimo conhecê-lo. Afinal era um lugar agreste e de acesso difícil para turistas convencionais.

Na Rodoviária de Penedo, nos informamos sobre os horários das viagens para o Pontal: havia dois, um pela manhã e outro à tarde, mas se chovesse... nada de ônibus. Decidimos ir no dia seguinte pela manhã, mas minha amiga passou mal à noite (excesso de entusiasmo com as castanhas de caju da região) e não pudemos ir.

À tarde, como chovia, ficamos algum tempo na Rodoviária, esperando, até que a empresa nos informou que o ônibus não circularia.

Junto conosco, nessa desventura, estava uma família que morava em Coruripe. Avô, avó e três netos. O avô nos falou de uma alternativa: havia um ônibus para outra cidade que poderia nos deixar num trevo, onde tomaríamos uma condução local para Coruripe. Eles fariam isso. Decidimos ir com eles.

Até o tal trevo, tudo bem. Depois, as surpresas começaram. O ônibus local operava a serviço dos usineiros de cana-de-açúcar da região e tinha como objetivo transportar os trabalhadores das plantações. Para isso, passava pelos mais remotos canaviais e ficava cada vez mais apinhado de trabalhadores suados e cansados.

Durante a viagem, conversando com a família que nos servia de guia, soubemos que o ônibus na verdade ia para Coruripe, que distava uns 7 km do Pontal do Coruripe, nosso destino na praia. E que só haveria ônibus para lá no dia seguinte. Assim, teríamos que pernoitar em Coruripe. Mas, ainda segundo o avô, isso não seria problema, pois ele mesmo tinha uma ex-nora que era proprietária de um hotel e restaurante na cidade.

Assim, fomos parar no hotel das “Organizações Dona Marlene”, como se lia no jaleco de todos os funcionários. Como o local estava lotado, Dona Marlene em pessoa, simpaticíssima, nos cedeu seu próprio apartamento no hotel.

Foi uma noite de surpresas.

Dona Marlene se esqueceu de trocar a roupa de cama. Encontramos um lençol repleto de cabelos e manchas pouco confiáveis. Mas isso foi rapidamente superado: tínhamos um lençol limpo em nossa bagagem.

De banho tomado, não sem antes desentupir o chuveiro e o ralo, fomos jantar no restaurante das “Organizações” e, depois de uma volta para conhecer a cidade e dar notícias à família por telefone, - naquele tempo nem se sonhava com e-mails - nos deitamos.

Mal pegamos no sono, alguém começou a bater na janela do quarto (que dava para a rua) chamando: “Baixinha! Gordinha! Sou eu, abre!” Quando entendemos o que acontecia, explicamos ao visitante tardio que não era Dona Marlene quem estava dormindo ali e voltamos ao sono.

Como se isso não bastasse, na manhã seguinte, por volta de 5h30, alguém passou de porta em porta acordando todos, pois era hora de ir ao trabalho...

Sem perder o bom humor, aproveitamos para ir para o Pontal mais cedo. Curtimos um dia agradável na praia e voltamos a tempo de pegar o último ônibus para São Miguel dos Campos, onde outras surpresas nos aguardavam.

3 comentários:

  1. Dou sim, pode deixar!
    Obrigada pelo comentário lá...
    ;]

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  2. Oi Carmem,

    Eu já me meti em algumas aventuras desse tipo, mas esta sua venceu todas as minhas.
    Hoje sinceramente nao tenho mais coragem nem disposição pra viagens no escuro do tipo "não sei o que me espera".
    Quero é saber de uma cama limpa, um super banho quente, o resto a gente ate releva, mas disso nao abro mão.
    O seu blog é muito legal.
    Um abraço pra você!

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