domingo, setembro 08, 2013

50 horas na Groenlândia - Parte 1

Quando eu estava no Grupo Escolar (sim eu sou do tempo do Grupo Escolar...), "colava" e pintava mapas de toda sorte. E volta e meia eu dava com uma ilha enorme que ficava lá no alto da página. Seu nome: Groenlândia. 
Para os meus poucos anos de idade, aquela ilha era apenas um desenho no papel, que eu pintava com certa má vontade, porque era muito grande... Muito diferente das outras, meros pontinhos no meio do mar azul.
Quem diria que um dia eu iria pôr os pés na dita cuja?
Pois aconteceu. 
Foi assim: quando começamos a planejar nossa viagem pelas terras quentes do verão europeu, pensamos em reservar parte do tempo disponível para visitar algum país desconhecido e menos quente. Logo nos veio à idéia a Islândia.
Saímos pesquisando e vimos que não daríamos conta de explorar o país por nossa conta e risco. Tratamos então de procurar uma agência que oferecesse um bom programa. Encontramos a Ice Tourism e gostamos do roteiro. Falamos pelo Skype com o responsável e o achamos confiável. 
E não é que ofereciam também pacotes para a Groenlândia? Ficamos entusiasmadas e, quando fechamos com eles a viagem pela Islândia, incluímos também uma voltinha naquela ilha grande e gelada dos mapas da infância.
E pronto! Pacote comprado, não nos preocupamos com mais nada. Nem mesmo procuramos saber o que havia pra fazer em Kulusuk e Ammassalik...
E foi assim, que numa noite de quinta-feira, partimos rumo a Keflavík, pela Icelandair. Foi um vôo interessante: deixamos Londres quando o sol começava a se esconder e, durante a viagem, o céu foi clareando, clareando... Chegamos à Islândia mais de onze da noite ainda com alguma luz.
No aeroporto de Keflavík, Egil, um guia da Ice Tourism, nos esperava. Com ele fizemos uma viagem de carro de aproximadamente 50km  até o Hotel Natura, em Reykjavík, convenientemente localizado ao lado do aeroporto doméstico, de onde partiríamos, no dia seguinte, rumo à Groenlândia.
Viajamos contra o tempo. Saímos de Reykjavík ao meio dia e chegamos a Kulusuk às 11h50. Coisas do fuso horário...
O céu não estava lá muito claro, mas deu pra ver muitos pontos brancos de gelo no mar antes do pouso.
O aeroporto de Kulusuk é um tiquinho. A pista é de terra batida. E estava lotado. Dali, voaríamos em helicóptero para Ammassalik, também conhecida como Tasiilak.
O primeiro perrengue da viagem apareceu aí: não havia ninguém nos esperando no mini aeroporto. No balcão da Air Greenland, a funcionária inuíte não encontrou nossas reservas para o vôo de helicóptero.
E aí? Precisávamos nos comunicar com o guia na Islândia... Internet, nem pensar. Telefone?
Enquanto procurávamos um cantinho pra chorar, a funcionária gritou nossos nomes. A reserva estava lá! Ufa!
Mais de duas horas depois - os vôos estavam atrasados - embarcamos para a primeira viagem de helicóptero das nossas vidas.
Viagem curta. Dez minutinhos e já estávamos aterrissando no super-mini-aeroporto de Ammassalik.
As belas paisagens prometidas para esse micro-vôo ficaram envoltas na neblina que pairava entre o helicóptero e o mar.
Foi daí que tivemos nossa segunda surpresa do dia: o carro do hotel, que deveria nos esperar, não estava lá.
Saímos desoladas do aeroporto para uma paisagem também desolada. Ladeiras em caminho de terra e nada nem ninguém à vista, exceto nossos poucos companheiros do vôo, que foram se dispersando rapidamente.
Lugar bem aprazível para esperar
um carro que não chega!
Foto: Ana Oliveira
Ana voltou para o interior do aeroporto para tentar alguma forma de resolver a questão. Nada!
Nosso vôo tinha sido o último do dia e o aeroporto estava prestes a fechar. A funcionária disse que o carro deveria estar lá e que ela não podia ligar para o hotel. Mas se  passasse algum tempo e nada acontecesse ela abriria uma exceção e ligaria. Nada aconteceu. Ela ligou!
Por fim, fomos resgatadas por um funcionário mal-humorado que nos levou até o Angmagssalik Hotel.
No check in, o recepcionista se desculpou pelo atraso do transfer, alegando que não sabia a que horas chegaríamos...
E pra completar o rol de surpresas, fomos informadas de que o modem que fornecia a internet para o hotel estava avariado há alguns dias! Nada de internet, portanto.
Estávamos, enfim, abandonadas e incomunicáveis no fim do mundo!!!!!
Foto: Ana Oliveira

5 comentários:

  1. Quero MUITO fazer essa viagem de vcs no ano que vem!

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    1. Vá, sim, Mari. Mas prepare-se, a coisa é roots! Pelo menos na parte da Groenlândia que nós conhecemos...

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  2. Ai meu deus! "Um cantinho para chorar" foi ótima... mas que bom que no fim deu tudo certo :-) Bjs

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    1. Deu tudo certo, sim, Lu.
      Mas a coisa foi difícil. Aguarde o desenrolar dos fatos...

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  3. Olá Carmen!!! Estou a pensar visitar a Gronelândia, pode me fazer o favor de contactar? pedro.rep@gmail.com

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