Um dia depois das aventuras entre as geleiras da Lago Argentino, partimos para Ushuaia, a cidade mais austral do mundo.
À primeira vista, o fim do mundo nos pareceu meio sem graça. Mas, à medida que o fomos conhecendo, pudemos mudar nossa opinião inicial: o cu do mundo é lindo!
Ushuaia, cujo nome significa baía que segue para o oeste, em língua nativa yamana – o povo que vivia lá antes da chegada dos europeus - não tem o mesmo encanto de El Calafate e seu lago majestoso. A capital da Terra do Fogo está às margens do Canal de Beagle, ao lado do porto. Tem, portanto, as características de um entorno portuário.
A natureza, entretanto, foi generosa com o lugar: lindas montanhas de cumes nevados encontram-se com as águas do Canal de Beagle, num espetáculo incomum.
O Hotel Lennox, onde nos hospedamos, não era lá essas coisas, mas ficava em localização estratégica: encravado no meio do comércio. De nossa janela avistávamos o Glaciar Martial, pendurado nas montanhas andinas. E das janelas do salão onde se servia o café da manhã se via o porto.
Assim, numa manhã da sexta-feira, vimos ancorados no porto turístico nada menos que 4 navios. Dois enormes e dois um pouco mais modestos. Sinal de que a cidade estaria inundada de turistas. Não era bom dia para ir ao Parque Nacional. Muito menos aos passeios de navegação pelo canal. Trem do fim do mundo... nem pensar!
Dentre os turistas que povoavam a cidade nesse dia, viemos a saber depois, estavam Amir Klink, esposa e filhas. Partiam no Nordnorge para um cruzeiro pela Antártida. Não vimos a família Klink por lá; soubemos depois, pelo blog que Tamara, Laura e Marininha escreveram durante a viagem. Pra quem tiver curiosidade de ver, taí:
Decidimos, então, subir ao Glaciar Martial, ali pertinho de nós. De carro, fomos até a base da montanha. Próximo passo: aerosillas que nos levaram para cima. Depois, subir a pé. De cima se avistava a cidade. Lindo espetáculo!
Ali, entre os picos do Martial, vivemos um dos momentos mais agradáveis da viagem. Foi no Refúgio da Montanha, um misto de bar, restaurante e pousada. Do lado de fora, uma placa improvisada prometia sopa quentinha e vinho. Entramos. O lugar era rústico e lindo! Enquanto tomávamos sopa e bebíamos vinho servido em prosaicos copos de vidro - nada de finas taças de cristal - o rádio tocava Como la cigarra. Ficamos encantadas!
Aí está Pedro Aznar, cantando para quem quiser viver um pouquinho desse encantamento:
Como la cigarra - Pedro AznarÉ claro que não basta ouvir a música, será preciso também um pouquinho de imaginação para se transportar para um refúgio simples, no alto de uma montanha gelada, cujo acesso se dá através de um frágil e atemorizante teleférico...
E esse foi mesmo um dia encantado.
Quando se fez noite e uma linda lua cheia enfeitou o céu de Ushuaia, fomos jantar no Bar Ideal, o mais antigo do lugar. O Ideal está instalado em uma construção típica da região, feita com madeira e chapas de zinco, recheada com papel de jornal.
Ali, tomando um copo de Cape Horn - a cerveja local - ouvimos Maria Bethânia cantando só pra nós...
Bem, deixo o relato das aventuras mais excitantes no fim do mundo para um outro capítulo e sigo contando dos lugares que visitamos ali mesmo, próximos ao centro da cidade.
Um deles foi o Museu Marítimo, instalado no antigo presídio da cidade. A construção é enorme. Visitamos apenas a parte onde ainda se conservam as celas originais "povoadas" com estátuas e histórias dos presos mais famosos. Ali funcionou, entre 1902 e 1947, um presídio militar e um cárcere para reincidentes. Os presos trabalharam na construção da cidade e da estrada de ferro mais austral do mundo. Ali circularia depois o trem do fim do mundo!
Fizemos também um city tour num antigo e autêntico ônibus inglês, daqueles de dois andares... Foi no dia da partida. Já tínhamos visto o ônbus estacionado por ali, mas nunca o víamos em movimento. Pois naquela manhã de domingo, passávamos por ali sem destino certo e ... lá estavam o motorista limpando o pára-brisa e os turistas entrando. Entramos também! O passeio percorreu a cidade mostrando os pontos mais interessantes e chegou até ao antigo aeroporto de Ushuaia onde hoje é o aeroclube. Valeu!
Mais fotos do fim do mundo:
ai, ai! (suspiros)
ResponderExcluirque saudade! que vontade de voltar...
é, existem muitos lugares pra se ir, e há sempre um desejo de voltar.um dilema.
mas, como eu comi doce e sorvete de calafate, tenho certeza que volto pra Patagônia.
Esperando novo capítulo.
beijins.
Quanta farra gastronômica!! Iniciando pelo carnaval seguindo até o cú do mundo!!que delícia de pecado social, ops, capital!!!! umbejãoprasduas
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